• 8 de abril de 2015

    O preço da competência

    Harmonia-interna-Parte-4

    • Mas então Akim, é muito difícil isso sabe?

    • Sei.

    • “Sei”… tipo… assim? Só isso?

    • “Só isso” o que?

    • É tudo o que você tem à me dizer?

    • Não, tenho mais: além de ser difícil, vai exigir de você esforço, fazer com que mesmo não querendo mantenha o foco e vai exigir que você lide com seu medo de enfrentar situações de confronto.

    • Que inferno!

    • Algo assim, mas é o preço… ou você pode continuar da mesma maneira, com as mesmas reclamações e os mesmos resultados.

    • Mas é que é difícil e você me diz que é! Não deveria me incentivar?

    • Incentivar a coisa certa sim, mas vai ser difícil mesmo, no primeiro momento será e não quero te enganar. Agora a questão é: mesmo sendo difícil você irá atrás ou vai continuar dizendo que “não sabe o que fazer”?

    • Entendi…

     

    Salvador Minuchin foi quem falou do paradoxo da terapia: querer mudanças desde que nada mude. Santo Agostinho foi quem disse: “reze como se tudo dependesse de Deus. Trabalhe como se tudo dependesse de você”. Estas duas frases tem em comum a ideia de que se queremos mudanças precisamos ser competentes para realizá-las.

    Infelizmente nem sempre somos. Precisamos adquirir a competência necessária para que consigamos efetuar as mudanças que desejamos para nós. Gosto de uma crença, nesse sentido, que afirma que não há nada muito complicado, existem as coisas que não sabemos fazer. Ou seja, quando aprendemos como se faz algo ou como lidar com uma determinada situação o que era complicado torna-se simples, aquilo que dava medo causa curiosidade e aquilo que dava preguiça causa motivação.

    Adquirir competências tem um preço. Raciocinar é um deles. Aprender exige fazer perguntas, buscar soluções e testá-las. Para isso tudo é preciso que a pessoa tenha em mente a sua meta e não se desvie dela. Assim, além de raciocinar a pessoa precisa aprender a manter seu foco, sustentar o seu desejo frente às adversidades. Agir em prol do conhecimento e do desenvolvimento de novas competências pode ser algo frustrante se você achar que vai conseguir tudo de primeira.

    Aceitar apenas a melhora é outro preço. Se você se contenta com menos não irá efetuar o seu aprendizado de maneira satisfatória. Ficará um pedaço pendente. É importante saber sentir que você aprendeu tudo o que precisava aprender. Manter esta obstinação exige esforço e concentração. Desenvolver isso está ligado, profundamente, ao como você se motiva. Então, aprender a motivar-se e manter-se neste estado faz parte.

    Embora aprender faça parte da natureza curiosa humana, a segurança e o comodismo também o fazem. Pode até parecer, mas estas características não são opostas, elas fazem parte de um continuum. É necessário estar bem seguro e cômodo para se permitir mudar e buscar novos limites. Experimentar com um porto seguro é muito melhor do que rumar no meio da tempestade – o que pode, muitas vezes, ser necessário. De outro lado, uma vez aprendido um novo horizonte é prazeroso estabelecer um novo porto cômodo e seguro.

    Enquanto escrevo este artigo, por exemplo, várias mensagens chegam à minha caixa postal e algumas pessoas me convocam no facebook. Não posso desviar o meu rumo, manter o escrito faz parte da competência de estar mantendo o blog atualizado para o leitor. Este é um preço. A atitude de buscar todos os dias escrever, refletir sobre o que irei escrever é outro preço. Denota tempo e paciência, tenho que conviver com o “vazio criativo” todos os dias. Mas é só enfrentando isso que posso escrever.

    E você: o que está precisando aprender?

    Abraço

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