- Eu não quero mais ser assim!
-
Entendo, o que você quer então?
-
Não sei direito.
-
Ok.
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Mas e aí? O que eu faço?
-
Primeiro temos que ver o que você quer fazer, “não ser mais assim” deve significar “ser algo”? “Agir de uma determinada forma nova”? O que é “não ser mais assim”?
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Hum… não sei direito… acho que tem a ver com… sei lá… não sei ao certo se não quero ser assim… mas talvez não me sentir como me sinto.
-
Ah, entendo, bem isso é diferente mesmo!
É comum, em terapia, que a pessoa traga seus problemas na esperança de que o terapeuta resolva seus problemas. Isso, de certa forma, faz parte do processo, no entanto o terapeuta é a pessoa que ajuda a resolver, e não a pessoa que “resolve”. Um dos pontos importantes de se trabalhar é o que a pessoa deseja fazer com os problemas que traz e isso nem sempre é fácil ou simples.
Determinar um problema e dizer que não o desejar, por exemplo, é contraproducente. É óbvio que não desejamos ter problemas, porém se ele é um fato, não o querer não ajuda em nada. Assim, a simples negativa “não queria ser/ pensar/ agir assim” serve apenas para ilustrar que você não está satisfeito com o que está acontecendo. Existe, também, um outro fator: pessoas perfeccionistas “não querem” o problema não porque realmente não o desejam, mas porque não conseguem/ permitem se perceber com qualquer tipo de problema.
O segundo ponto é que “trabalhar” com a questão exige algum tipo de direcionamento. No caso que citei acima, por exemplo, a pessoa, no final das contas, desejava apenas sentir-se melhor (não culpada) por determinadas atitudes e pensamentos. O problema não era o que ela fazia e o como se identificava, mas sim a emoção gerada. Ao termos este direcionamento – que só pode ser dado pela pessoa – pode-se começar o trabalho de uma maneira significativa.
Determinar o foco do trabalho também envolve ver se ele é realizável, ou seja, se é possível chegar onde a pessoa deseja chegar. Muitas vezes o trabalho do terapeuta é mostrar para a pessoa que a “meta” dela é inalcançável. Temas como “não quero mais sentir”, “nunca mais quero viver tal situação”, “quero esquecer completamente o que me aconteceu” são algumas amostras disso. Um adendo importante é que muitas pessoas “tem problemas” justamente por se darem metas inalcançáveis e o trabalho se resume a entender isso e criar metas mais possíveis e reais.
Um ponto final e que eu considero o mais importante é que as pessoas, ao buscarem resposta para a pergunta “o que quero com o meu problema” estão refletindo sobre como querem viver suas vidas. A vida não é para ser vivida sem problemas, na verdade, viver significa – também – resolver problemas e evoluir. Assim, quando deixamos na mão da pessoa a escolha estamos ajudando ela a desenvolver um repertório para se conduzir em sua vida após a terapia. Pessoalmente considero que quando uma terapia é bem sucedida um dos pontos que a pessoa leva é a capacidade de tomar decisões melhores para si.
E aí, o que quer com o teu problema?
Abraço
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