• 17 de abril de 2015

    Envelhecer

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    • Sabe… acho que já não sou mais o mesmo.

    • Porque?

    • Eu não tenho mais o pique de antes sabe?

    • Sei… aprendendo a envelhecer é?

    • Ai credo…

    • Credo?

    • É… na verdade você está certo, mas… ai… dói pensar nisso…

    • Dói mesmo… dói as juntas (risos)

    • (Risos) O pior é que é verdade…

    • É… tem uma época em que os nossos hormônios nos ajudam e depois disso é o que nós fazemos para nos ajudar!

     

    Envelhecer. Algo que ocorre com todos o tempo todo. Uma verdade tão intrínseca que tememos pensar nela. Nossa sociedade atual, com seus valores teme ainda mais a ideia de envelhecer. O lugar do idoso precisa ser revisitado em nossa sociedade de consumo.

    Psicologicamente falando o envelhecer lida muito com o tema das perdas e da expectativa de futuro. Envelhecer significa em certa parte, perder para o tempo a nossa juventude, beleza – no sentido atual que valoriza a beleza juvenil, energia, as maravilhas que o hormônio de crescimento faz por nossos corpos além de relações, momentos como “a época da faculdade”, “a época das baladas” ou qualquer momento que vivemos anteriormente. Percebemos o envelhecer junto com estas perdas.

    Perder estas coisas para muitas pessoas pode ser um grande fardo quando estas vivências não foram vividas em sua plenitude. Aqui vale um adendo importante: não é se a pessoa viveu as fases que todos viveram ou não, mas sim se as fases que ela viveu foram vividas na sua plenitude. Ou seja, talvez ela não tenha sido uma pessoa “baladeira”, mas o que ela viveu neste momento foi vivido com entrega? Com plenitude? Se não foi a tendência é que a pessoa olhe para estes momentos do seu passado com um saudosismo que reitera o desejo de voltar atrás.

    Outra maneira é ter vivido bem essas fases e ter medo de ir para as próximas. O medo de encarar os novos desafios da vida faz com que muitas pessoas mantenham-se presas em fases anteriores de suas vidas e sintam raiva de terem que deixá-las – quando o fazem – para irem para novos desafios – seja eles quais forem, não entendo que “novos desafios” precisem ser o tradicional “casar e ter filhos”. Este tipo de problema com as perdas é muito difícil porque em geral a pessoa procura manter-se presa, então cultiva comportamentos que não ajudam ela à crescer.

    O outro tema que faz com que o envelhecer seja precário é quando a pessoa não consegue organizar uma visão positiva de um futuro idosa. Quando ficar idoso se torna sinônimo de morte e decadência é óbvio que a pessoa não irá desejar envelhecer. Toda vez que o nosso futuro é pior que o presente, desejamos nos manter no presente. O grande problema é: não há como evitar o envelhecer. Assim sendo as pessoas passam a ter comportamentos de esquiva em relação à velhice principalmente na área visual.

    Estes dias vi a foto de uma colega no facebook dando “boas vindas” as suas rugas e pés de galinha. Que tal pudéssemos celebrar aquilo que sabemos que virá para todo ser humano ao invés de temer? Aproveitar alguns elementos da velhice como a sabedoria e o desprendimento em relação à questões banais do dia a dia podem ser estratégias tão importantes quanto ser jovem e produtivo. Como dar valor à isso poderia influenciar o rumo de nossa sociedade atual? Como aprender a aceitar aquilo que podemos desfrutar com altivez ao invés de temor? Lidar com as perdas e entender que este é um universo onde o tempo passa e as perdas são inevitáveis, mas não é por isso que sua vida precisa perder o valor.

    Talvez aprender a nos identificarmos com o nosso processo ao invés de uma identidade estática e imutável seja um bom caminho para começar. Você envelhecer significa, também, que você muda! Pense nisso.

    Abraço

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