• 14 de maio de 2015

    O paradoxo do medo

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    • Eu não sei mais o que fazer!

    • Porque?

    • Tudo aquilo que eu temia tá acontecendo sabe?

    • Sim…

    • Ele não está mais aguentando ficar perto de mim.

    • Sim… como você tem contribuído para isso?

    • Nossa… como  assim?

    • Eu sei que este é um medo seu e respeito isso, por outro lado você tem contribuído para ele se concretizar, já falamos disso antes.

    • Tá… eu sei… eu fico em cima o tempo todo, fico desconfiando de tudo o que ele faz… para mim ele já tem outra pessoa!

    • Sim e são estas fantasias que organizam o que você tem feito… você perguntou: o que fazer… o que você acha?

    • Mas eu tenho medo de não ficar controlando ele.

    • Sim, eu sei, mas a sua forma atual de lidar com a situação não está ajudando está?

    • É… não está…

     

    Talvez um dos maiores paradoxos com os quais eu já tive contato foi a “profecia que se auto realiza”. Embora ela não precise estar calcada no medo, em geral está. É, de forma simplista, quando a pessoa teme algo de uma maneira que o seu comportamento acaba criando a situação que ela própria teme.

    O medo em geral faz com que a pessoa tenda a se afastar do objeto que desperta a emoção. No entanto, muitas vezes a pessoa tende a se afastar da própria emoção. Em vários posts já coloquei que o medo tem a ver com algo que não sabemos como lidar e que, por este motivo, fantasiamos que pode nos causar um dano maior do que o que podemos suportar. Desta maneira, quando nos afastamos da emoção do medo nos afastamos, também do aprendizado que poderíamos ter e então, passamos a querer controlar.

    O controle é uma das respostas básicas ao medo. Ao invés de se tornar mais competente para lidar com o mundo a pessoa deseja tornar o mundo um lugar em que ela consiga viver de acordo com suas limitações. Para isso passa a cercear e a sabotar a si e aos outros para que todos os comportamentos e situações vividas se encaixem dentro de um modelo de mundo “seguro” porém extremamente limitado.

    É neste movimento em que a pessoa começa a causar para si o dano que tanto teme. O exemplo mais clássico é a pessoa que tem medo de ser trocada ou traída e passa, com isso, a cercear todas as amizades do conjugue, minar todo e qualquer comportamento de sair de casa em lugares onde terão contato com outras pessoas, criticar pessoas novas que o conjugue possa conhecer, tentar ser mais do que suficiente para a pessoa superprotegendo ela e a relação.

    Ao longo do tempo estes comportamentos começam a sufocar o conjugue que começa a sentir a prisão na qual entrou. Inicialmente a pessoa pensa que se trata apenas de uma forma de relação “apaixonada” e que será possível viver outras experiências. Logo depois começa a entender que o conjugue está deliberadamente tentando mante-lo preso e finalmente se rebela. No momento em que um se rebela, o outro enfrenta o seu medo.

    Assim sendo o melhor caminho para não criar para si o próprio medo é aprender com ele. Aceitar a emoção, compreender suas motivações inconscientes, aprender papel que você interpreta com ela e, com isso começar a mudar de dentro para fora. Mudar o seu sistema de crenças, seus comportamentos e atitudes e então, aprender, de fato, a lidar com o medo e com a situação.

    Você tem medo de que?

    Abraço

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