- Tive uma semana péssima.
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Sério? O que aconteceu?
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Ah… lá no trabalho que eu tive uma discussão com um colega.
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Sei, mas o que aconteceu?
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Discussão sobre projeto, me exaltei, ele também… depois nos resolvemos, mas… chato né?
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Sim. O que mais?
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Como assim?
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“Semana péssima”?
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Ah, não, só isso na verdade…
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Ah… só isso? Hum… puxa… interessante que “só isso” equivale à “semana toda” né?
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(Risos) É verdade… pior que se você me perguntar da minha semana, isso salta nos olhos e o resto é quase como se não me lembrasse.
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Sim… foco né?
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É… eu sou meio assim mesmo.
Existe uma profunda relação entre aquilo com o que nos identificamos e aquilo que damos atenção e foco em nossas vidas. Compreender que o foco não é uma atividade passiva é fundamental para ajudar você a perceber o seu foco assim como a modificá-lo, caso queira.
Ocorre que prestar atenção em determinado fenômeno ao invés de outro parte da noção de que temos ideias pré-concebidas à respeito daquilo que observamos. O olhar funciona da mesma maneira. Ver não é um fenômeno passível no qual a luz entra em nossos olhos e então vemos. O processamento daquilo que será armazenado no cérebro e visto pelo olho é ativo, ou seja, existe intenção no olhar. Ao olhar algo a pessoa busca determinadas informações ao invés de outras.
O foco em nossa mente é idêntico à este processo. A mente, uma vez estabelecido “o que deve ser visto, valorizado”, busca ativamente por estes detalhes nas memórias, em sensações, experiências assim como no próprio raciocínio. Várias vezes na clínica as pessoas dizem que o pensamento está “emperrado”, ou seja, não importa por onde elas comecem a pensar, o raciocínio sempre cai na mesma lógica e no mesmo final. Valorizam-se determinados estados emocionais em detrimento dos outros, determinadas experiências e memórias, assim como sensações, usando os mesmos dados da mesma forma e no mesmo contexto não é de se admirar que a conclusão seja a mesma.
A pessoa quando estabelece este foco passa a identificar-se com o tipo de experiência que resulta dele. Ela assume que “aquilo é para ela”. Quando a identificação acontece, tudo aquilo que não é igual (idêntico) ao que a pessoa imagina sobre si não passa pelo crivo e não é percebido. Assim, no caso acima, por exemplo, o resumo da semana daquela pessoa era a briga, ela não se lembrava – de fato – do restante porque apenas aquele evento tem a ver com a identificação que a pessoa tem de si.
Obviamente, cria-se uma roda viva na qual um elemento alimenta o outro. Quanto mais a identidade é forte, mais forte os crivos pelos quais a percepção se dá e mais rígido torna-se o padrão de raciocínio. Isso ocorre com todos nós. Porém existem maneiras de reflexão que não são úteis e algumas são até mesmo nocivas para algumas pessoas. Assim é importante conhecer este processo e poder interferir nele. De que maneira? A mais rápida e eficiente é se propor novas experiências que consigam colocar em cheque os pressupostos antigos. Desta maneira abre-se uma brecha no raciocínio que estará sendo alimentado por outros dados conflitantes com os anteriores, deste conflito pode nascer uma nova maneira de perceber você mesmo e o mundo.
Abraço
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