- Não estou me sentindo muito bem.
-
O que acontece?
-
Neste final de semana sabe?… eu fui… eu resolvi sair!
-
Opa, coisa boa.
-
Eu sai mesmo sabendo que meus pais não aprovam.
-
Entendo. E o que você acha disso, de sair?
-
Para mim é normal… eu acho saudável!
-
Sim, qual o problema então.
-
Este: os meus pais não aprovam. E eu me sinto culpado.
-
Sente-se culpado por que eles não aprovam?
-
Sim.
-
A aprovação tem que vir deles ou de você?
-
Teria que ser de mim né?
-
Sente medo de ser retaliado por isso?
-
Sinto.
A culpa é um sentimento muito difundido na nossa cultura. Pode-se dizer que desde que nascemos estamos envolvidos nela quando se pensa na questão do pecado original.
Um dos grandes problemas da culpa é quando ela se torna um elemento impagável e indiscriminado. Para refletir melhor sobre isso, vamos compreender o que é a culpa. Ao contrário do que se pensa ela não é necessariamente ruim. A culpa é uma emoção que não diz que o nosso comportamento está violando o nosso sistema de crenças e valores morais. Ou seja, sentimos culpa quando achamos que estamos infringindo nossas próprias regras pessoais e/ou aquelas que decidimos seguir.
Desta maneira, quando sente-se culpa a ideia é refletir sobre o que se fez e sobre como se pode fazer diferente no futuro. Remediar um determinado erro, solicitar desculpas à alguém caso isso seja necessários e comprometer-se com a mudança. Outras vezes a culpa é um sentimento que pode levar à reflexão de que o código moral está por demais rígido e a pessoa pode desejar mudar a maneira pela qual pensa sobre a vida.
No entanto, nem sempre a sensação de culpa vem de maneira clara. Muitas vezes as pessoas sentem culpa e não sabem direito o que fizeram para estar sentindo-se assim. Se não sabem o que fizeram e nem qual regra quebraram fica muito difícil de saber como remediar ou como comportar-se de maneira diferente. Existe outro caso também em que a culpa está associada à pessoa, ou seja, ela é culpada pelo fato de que ela fez algo. O problema é diretamente com ela.
Estes casos impedem a pessoa de permitir-se seguir adiante, de ter novas iniciativas e de ser feliz. Muitas vezes são “pseudo-culpas”, ou seja, culpa que aprendemos a sentir como comportamento condicionado. Aprende-se a sentir culpa como um mecanismo de defesa em situações, por exemplo, em que as iniciativas da pessoa são sempre castigadas. Neste contexto a pessoa passa a sentir culpa em desejar como uma forma de se proteger deste desejo que será punido mais tarde. Isso não quer dizer que ela acha que ter iniciativas é algo errado, mas que aprendeu a sentir assim. Encontramos esta referência no seguinte discurso das pessoas: “com os outros é diferente, eu acho bom que as pessoas façam isso. Mas quando é comigo me sinto mal de fazer isso e acho que faço algo errado.”
Nesta situação mesmo quando as pessoas que a “ensinaram” sentir esta culpa já morreram ela continua organizando isso buscando no ambiente indícios de que está sendo punida. A solidão, um problema financeiro ou até mesmo uma simples ansiedade que ela sente antes de fazer algo que deseja pode ser entendido como uma forma de punição. Ela não se sente à vontade para realizar aquilo que deseja e começa a assumir a identidade de servidor, enquanto está servindo sente-se sob controle, quando começa a ter desejos próprios passa a sentir ansiedade.
Espero que isso possa ajudar você a refletir se a culpa que sente é algo vindo de você mesmo ou se está apenas reproduzindo aprendizados que não são úteis à você. Liberte-se!
Abraço
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