• 8 de junho de 2015

    Honestidade

    coringa2

    • Daí eu fui na festa sabe?

    • Sim, imaginei. E o que aconteceu?

    • Bem… aconteceu o que ia acontecer.

    • Conte pra mim.

    • Bem, a gente foi, ela viu o ex e eu fiquei puto e com muito ciúme.

    • E o que você fez com isso?

    • Nada… fiquei mudo e calado. Ela até me perguntou se eu tava brabo.

    • E você?

    • Não falei que tava, mas enchi a cara.

     

     

    Muito se fala em ser honesto. Não trapacear, roubar ou enganar alguém deliberadamente. Porém que competências são fundamentais à capacidade de ser honesto? Qual o cerne dela e qual o seu principal opositor?

    Ao contrário do que se pensa a honestidade não é desenvolvida com um forte senso de dever com o outro, mas sim com uma boa organização interna que conduz o sujeito à uma estrutura que não precisa enganar, trapacear ou roubar o outro e que pode percebê-lo como digno de respeito e admiração assim como a pessoa também se percebe.

    A pessoa que desenvolve uma boa auto estima é aquela que sabe que não precisa se esconder ou ocultar seus sentimentos, desejos, qualidades e defeitos. Também reconhece que “não ocultar” não significa dar vazão descontrolada à eles. Por isso tem uma organização que permite perceber e ao mesmo tempo verificar e decidir o que fazer com seus desejos, sentimentos e características. Esta capacidade é o primeiro ponto para desenvolver a honestidade. Porque?

    Ser honesto implica em saber aquilo que se sente no íntimo. O honesto age, pensa e responde de acordo com aquilo que há dentro de si. Para tal precisa, inicialmente, saber  o que há e saber como lidar. O problema que pode surgir – geralmente surge – é que as pessoas até percebem, porém não aceitam aquilo que percebem dentro de si mesmas e/ou temem isso. A tendência é tentar escapar através da negação, projeção ou então assumindo atitudes e comportamentos que vão contra o que a pessoa realmente deseja, porém são mais “aceitos” socialmente.

    Logo o segundo passo seria aprender a agir de acordo com o que há dentro de você. Como disse, isso não significa realizar tudo aquilo que vem à mente sem nenhum pensar sobre o ato, pelo contrário, a pessoa que age assim é vítima de seus desejos e impulsos. A reação impensada não inclui todo o organismo e toda a psique no trabalho, por esta razão é prejudicial para a pessoa. A ação que usa o organismo como um todo é muito mais forte do que aquela que é dada apenas pelo impulso. Diga-se de passagem, a pessoa que cede aos seus impulsos pode ser – ao contrário do que se pensa – exatamente aquela que é menos honesta consigo mesma. Vejo sempre no consultório: não quero agir assim, mas não “consigo controlar”.

    Por fim a honestidade requer saber lidar com as conseqüências de nossas escolhas porque toda escolha tem consequências. É comum que as pessoas entendam que ao serem honestas não sentirão medo, ou dúvida, por exemplo. Ledo engano, ser honesto implica em aceitar aquilo que se sente, independente do que se sente. Assim a honestidade não é uma arma que irá livrá-lo de dores, mas sim colocá-lo em frente à elas para que você aprenda – “honestamente” – a lidar com elas.

    E aí, será honesto com você hoje ou não?

    Abraço

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