- Eu vou dizer isso pra ele… ele vai me odiar e vai me deixar em paz.
-
Pra que?
-
Pra que o que?
-
Pra que complicar? Porque não diz, simplesmente, que não quer mais?
-
Eu já disse, mas ele não desgruda.
-
Disse… e depois voltou e voltou de novo… você realmente sabe o que quer?
-
Não quero mais ele.
-
Sim, mas e que tipo de relação quer? Quem não sabe o que quer, fica com o que não quer!
-
Ai… é sempre assim tuas terapias né? Deus!!
-
É… pois é…
-
Tá! Eu não sei o quero direito… tenho que pensar nisso né?
-
Sim, para saber que não adianta ir para cama com ele… você não tem o que você quer para uma boa relação. E ele já deixou isso claro.
-
É… é verdade… eu sempre fico nessa de jogar fora o que não quero, mas nunca sei direito o que quero…
-
Verdade…
Umas das estratégias mais famosas usadas para terminar uma relação é criar ódio, raiva e aversão em relação ao outro para terminar com a pessoa. Mas esta estratégia funciona?
Antes de responder, vamos analisar o ato de terminar uma relação e, então, a estratégia e o que ela provoca. Ora, é comum confundir a relação com o cônjuge. Porém cônjuge e relação são coisas diferentes e é importante compreender isso, porque não se termina “com alguém” e sim termina-se uma relação. O fato das pessoas procurarem conversar e se entender revela isso. O problema não é, especificamente, o outro, mas sim a relação que foi criada. Se a relação mudar continua-se com a pessoa. Portanto, por incrível que pareça o outro, neste sentido, é menos importante do que a relação.
O erro mais comum é que achamos que estamos terminando com a pessoa. O que ocorre, de fato, é que queremos um determinado tipo de relação que não é possível com aquela pessoa. Portanto, uma outra maneira de encarar o término de uma relação é compreender que na verdade se está buscando uma relação mais adequada ao que a pessoa deseja e que a relação criada até momento não é aquilo que irá deixar pelo menos um dos dois feliz e satisfeito.
Obviamente, isso pressupõe que as pessoas envolvidas na relação saibam aquilo que desejam o que nem sempre – quase nunca – ocorre. O mais comum é se iniciar uma relação por causa do outro – e não por causa do seu desejo de criar uma relação. Assim começa-se “errado”, porque os critérios empregados não são condizentes de uma relação que a pessoa queira. Canso de ouvir : “ele/ela é perfeito/a”. E eu digo “perfeito/a para que?” Uma pessoa bonita, educada, inteligente e sociável pode ser muito atraente quando pensamos nos esterótipos culturais, porém pode não ser isso o que a pessoa quer.
Então surge o momento do término e a pessoa não sabe “como se livrar dele/a” ou como dizer para ele/a. A estratégia do ódio surge neste contexto com a seguinte intenção: se eu o odiar, ele não terá valor para mim ou terá um valor negativo e, então, será simples me livrar. Muitas pessoas conseguem fazer isso, odiar e, a partir disso, terminar. O problema com este tipo de estratégia é que é necessário manter o ódio aceso, afinal de contas se o ódio desaparecer você poderá ter um grande arrependimento. Além disso esta estratégia pode criar desavenças e mágoas desnecessárias visto que ela visa denegrir o outro para que ele perca o valor e com isso torne-se descartável. Cruel não?
Outra maneira de terminar uma relação é compreender que o problema não é outro e sim o seu desejo de relação. Esse é o problema sempre, no final das contas. Assim não é necessário denegrir o outro, apenas compreender que os desejos de ambos não combinam e que é melhor buscar outras pessoas para construir uma relação mais interessante e dentro dos critérios de cada um. Assim é possível terminar sem precisar odiar. Este tipo de término, no entanto, é, para algumas pessoas, mais dolorido, porque ele é mais honesto. Diz-se cruamente o que é, sem rodeios ou xingamentos. Não é mais uma briga, é o fim de uma relação.
Abraço
Visite nosso site: www.akimpsicologo.com.br
- Tags:Akim Rohula Neto, Auto Expressão, confrontar, conquistas, Crises, Emoções, Escolhas, expressar, Insegurança, Medo, Mudança, Opinião do outro, Papel na relação, Psicoterapia, Relacionamentos, Vida