- Ah Akim, mas é difícil… quando eu vejo aqueles doces todos…
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O que acontece?
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Eu logo penso em comer aquelas delícias!
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Sim, o que acontece se você ao olhar aquelas delícias, pensar em você frustrado com o peso acima do normal?
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Eu penso duas vezes em comer…
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E se além disso, pensar no seu diabetes finalmente estourando e você tendo que realizar seu medo de se tornar dependente de insulina?
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… mas é ruim pensar em doces assim!
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Claro, mas no seu caso é real também não é? Os doces não vão trazer apenas o sabor não?
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É… é verdade…
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Além disso, pensar em doces como algo ruim faz sentido nesse momento não?
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Também…
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Que tal pensar assim quando estiver “frente a frente” com os “temíveis doces deliciosos provedores de diabetes”?
Quando falamos em mudanças as pessoas, em geral, focam na aquisição de um determinado comportamento, ou seja, em aprender a exibir um comportamento, ter uma atitude específica para alcançar um resultado. Pouco se fala, por exemplo, em sustentar este comportamento. A questão é que, a não ser que você precise de um ato apenas em um momento e nunca mais, a parte mais importante é sustentar e não, exatamente, ter um comportamento novo.
O que quero dizer é que “mudar” é fácil, é simples ter um comportamento novo de maneira aleatória, a maior parte dos clientes que atendi já fizeram o que querem “aprender a fazer” uma vez ou outra. Qual o problema então? A falta de consistência da atitude que desejam incorporar à sua identidade. Esta falta é que faz com que a pessoa não sustente um novo comportamento e, por este motivo, não consiga se manter fazendo aquilo que já sabe fazer, mesmo que isso seja melhor para ela.
Um exemplo clássico é a perda de peso. Sempre que as pessoas me procuram com este tema e eu pergunto o que querem a resposta é a mesma: quero perder peso. Já começou errado, perder peso é fácil! As pessoas que estão sempre fazendo dieta sabem disso, se somarem quantos quilos já perderam ao longo dos anos em que fazem dietas já teriam chego ao peso ideal á muito tempo. A questão não é: “como faço para perder peso”, mas sim “como fazer para manter um peso “x” ao longo da minha vida?”.
Quando fazemos a pergunta desta maneira a coisa muda de figura. O quero perder peso assume um caráter novo, à saber, um projeto para a vida (e não é isso que as pessoas realmente querem? Um novo peso para o resto da vida?). O mesmo vale para a aquisição de um novo comportamento, ou, para uma “mudança”: “como sustentarei este novo comportamento o resto da vida?” Nesta pergunta surge o importante elemento de “não abrir mão”, ou seja, existem momentos em que nossos comportamentos são “testados” (situações que, para cada um de nós, manter o comportamento é mais difícil). No exemplo de manutenção de peso, um teste comum são festas de final de ano. E aí, como fazer para “não abrir mão?”
O ponto é ter seus critérios muito bem estabelecidos. Ou seja, é importante quando fazemos uma mudança saber o que nos permite abrir mão de nosso comportamento e o que não nos permite. Por incrível que pareça ter os limites de “quando abrir mão” bem definidos ajuda a manter o comportamento e a “não abrir mão dele”. Em geral, aconselho meus clientes a assumirem um critério geral no qual aquilo que me fará abir mão deve ter um valor maior do que a manutenção do meu comportamento no mesmo nível de aplicação de critério.
Por exemplo: no caso da manutenção de peso o critério empregado é saúde, assim mantenho uma rotina alimentar com base na ideia de que cuidar da manutenção do meu peso significa cuidar da minha saúde. Isso quer dizer que a escolha do que e de quanto comer não é um fim em si mesma, mas sim uma ferramenta para eu ter mais saúde. Logo apenas me permito abrir mão do meu comportamento quando algo no mesmo nível de critério – saúde – surge como uma oportunidade de abrir mão do meu comportamento. Por exemplo, posso me permitir comer à mais no meu almoço se sei que farei uma viagem ou estarei envolvido numa atividade durante a qual não poderei comer e, para manter minha energia, devo comer um pouco mais em uma refeição afim de não passar fome e comer à mais de maneira descontrolada mais tarde.
Quando temos este critério bem definido para cada área de nossa vida é fácil descobrir o que devemos fazer: é simplesmente comparar aquilo que se apresenta com as possibilidades. Se “bater” a oportunidade com a possibilidade, segue-se com a nova escolha senão fica-se com o comportamento antigo. E aí, vai abrir mão da sua felicidade?
Abraço
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