– Às vezes a gente tem que brigar né Akim
– Como assim?
– Bem… eu queria conseguir umas coisas aí e peguei e fui atrás.
– Coisa boa! Brigar, significa “ir atrás”?
– Sim, tipo isso!
– Ah sim, claro. Na verdade não é às vezes, mas sim sempre.
– É né? Verdade!
“Brigar pelo que quer”, “batalhar”, “suar a camisa”, todas estas expressões falam de um mesmo acontecimento: a pessoa agindo em prol daquilo que quer. Os místicos usam a noção de “boa luta”, querendo dizer que é uma luta, porém não se trata de destruir nada e sim de cosntruir, de expressar, no mundo, nossos desejos e intenções.
A ideia de “batalha”, de “boa luta” derivam, todas, de uma tradição mitológica de guerreiro que seguimos. Embora o estereótipo do guerreiro tenha ficado para trás ao longo dos anos, sua expressão em nossa comunidade ainda persiste. Existem várias facetas do guerreiro com as quais podemos nos identificar.
Uma delas é o mercenário, o guerreiro que luta pelo dinheiro. Sua ética está apenas de onde saem os maiores valores. Ele não se importa com a guerra que luta ou com os meios para atingir a vitória, apenas em entregar ao seu contratante aquilo que foi prometido para ganhar sua rica recompensa.
O defensor é um tipo diferente, ele guerreia por uma causa que considera, de alguma forma, honrosa ou justa. A causa é o mais importante e ele a defenderá com a vida. Isso atribui um caráter sonhador à este tipo de guerreiro. Sua preocupação é mais com este aspecto metafísico (a causa) do que com os meios (à não ser que a causa estabeleça meios que não podem ser utilizados) ou com as próprias batalhas.
Outro guerreiro é o fanfarrão, que se importa com lutar as batalhas e sobreviver para contar as histórias e aproveitar da fama que elas podem lhe trazer. O fanfarrão tem um bom humor peculiar, é um guerreiro muito ligado ao social, porém seu desejo não é liderar exércitos ou ser o grande guerreiro, sua busca é em aproveitar os prazeres da vida.
O líder de guerreiros é aquele tipo de guerreiro que quer – consciente ou não – comandar exércitos. Este é o exemplo da mistura de líder com guerreiro. É o general guerreiro, que está na linha de frente com seus homens, lutando e suando junto com eles. Também pode ser de um tipo tirânico que desponta como o grande homem e submete os outros à sua vontade arbitrária.
Todos estes conceitos, levam, em sua essência a ideia de alguém que tem, na luta, o seu campo de atuação. Encarar a vida como uma luta diária é algo comum à várias culturas. O interessante sobre os guerreiros são os exemplo que temos em abundância na cultura zen, daqueles que atingem “a esfera da não violência”. É um completo paradoxo para a mente ocidental, porém, quando o guerreiro entra em contato com a essência da guerra, ele compreende que a violência que existe lá, não é violência.
Esta compreensão é que nos faz compreender algo fundamental para desenvolver o “guerreiro” em nós: que a agressão não precisa ser desumana, que a força não precisa ser empregada para destruir e que a guerra sempre vem buscando a paz. Dentro de nós, temos várias guerras que ocorrem todos os dias, acordar cedo ou não, comer mais um pouco ou não, gastar dinheiro ou não, calar ou expressar nossas emoções. Quando a pessoa está em contato com estes conflitos e não permite que eles se tornem maiores que ela é o momento em que o nosso lado “guerreiro” vence as nossas batalhas internas. Com isso, ir para o mundo exterior e guerrear pela vida se torna uma tarefa mais simples.
Lembrando os índios navajos, grandes guerreiros: “hoje é um bom dia para morrer”.
Abraço
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