• 24 de agosto de 2015

    Valorizar-se

    – Então Akim… eu fiz de novo…

    – O que você fez?

    – Ai… o meu namorado fez merda comigo e depois eu desculpei ele sabe?

    – Sim, vamos lá: o que te faz “desculpar” ele?

    – Ah… eu gosto dele…

    – Claro que gosta, desculpar é bom porque não guardamos mágoa, porém: o que realmente importa neste caso?

    – Que ele sempre fica fazendo a mesma coisa.

    – E você também! O que te motiva a ter o mesmo comportamento? Não tem a ver com gostar dele.

    – Eu fico com medo de dar uma prensa nele e ele resolver ir embora.

    – Então o que você está me dizendo é que é melhor manter uma relação na qual o seu namorado fica magoando você do que ficar sozinha?

    – Parece horrível… mas é isso.

    – E você é tão má companhia assim?

    – Não sei…

    Valorizar-se. O que é? Como fazê-lo?

    Valorização é algo que está longe de ser um sinônimo de “se achar”, como as pessoas sempre me dizem. Valorizar é dar valor. Assim sendo é importante compreender que todos nós nos valorizamos, de um jeito ou de outro. Podemos nos dar um valor bom, alto, baixo, super estimado ou muito pouco estimado. Podemos ainda nos atribuir um valor que não temos por falta de auto conhecimento ou compreensão de nossas reais competências.

    Quando alguém se diz “não valho nada mesmo”, “sou burro” isso é dar-se valor. O mesmo vale para quando a pessoa se diz “sou o máximo” ou “o meu esforço valeu à pena”. Estas frases refletem maneiras de expressar o valor que achamos que aquilo que fazemos ou somos tem. Assim é importante ater-se ao que damos valor e qual o valor que damos.

    Isso é importante porque os elementos aos quais damos valor e o valor que damos à eles são os elementos que vão “constar” na nossa auto imagem e é esta auto imagem que usamos como base para nos avaliar enquanto pessoa e constituir, assim, nossa auto estima. O que você mais valoriza em você, em geral, são as coisas que você mais pensa, fala e sente sobre você. O valor que você atribui está diretamente ligado ao que você de fato diz. Assim, se me esforço para uma prova e tiro uma boa nota posso valorizar isso de várias maneiras.

    Uma delas é quando me lembro de todas as outras provas para as quais não me esforcei, lembro das notas ruins que tirei e dos apertos que passei. Então, olho para o meu esforço atual com uma certa repreensão à respeito do meu comportamento passado e me digo algo como “porque não faço isso sempre? Que bobeira!”. Esta é uma maneira de valorizar o seu esforço como uma excessão e você como um “bobo” que não sabe se orientar. Porque? Porque o foco ficou no que você não fez no passado e na pergunta “porque não faço sempre?”. Em geral as pessoas que pensam isso dificilmente expressam o novo comportamento em novas circunstâncias.

    Diferente de, por exemplo, a pessoa que olha a nota da prova, olha a nota passada e imagina o que fez da última vez, o que fez no seu passado e avalia os dois resultados e se pergunta: o que eu quero para o meu futuro? E, ao imaginar os dois futuros possíveis ela escolhe o novo. “Eu quero um futuro com boas notas pra mim e eu estou vendo que posso fazer isso”. Esta é uma forma completamente diferente de dar valor ao que foi feito.

    É óbvio que você pode objetar e dizer, por exemplo, são apenas palavras. E são. A questão é o que essas palavras expressam. É fácil copiar as palavras acima e se dizer isso, porém, não estou relatando apenas palavras. Estas palavras fazem referência à atitudes e estas fazem a diferença. Valorizar-se é uma questão de atitude consigo, por este motivo trouxe o assunto à tona. Dar valor é saber perceber o que se faz e o que se é e dar à isso um valor. No entanto isso não é apenas uma questão de palavra e sim de atitude, da emoção que crio em relação à mim e ao que faço.

    Valorizar-se é dar valor ao que faço e sou. Qualquer valor, mesmo um “ruim”. Nos valorizamos ao perceber o que fazemos, como fazemos e quem somos e associar isso à uma determinada emoção que pode trazer consigo um valor moral como “bom”, “ruim”, “adequado” ou “interessante”. Parece simples (e é) o que realmente desafia as pessoas é criar a atitude que permite ela sentir o valor.

    O que você valoriza em você? Como você valoriza isso?

    Abraço

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