• 4 de setembro de 2015

    Pode ou não pode?

     

    • E eu posso fazer isso Akim?
    • Não, sei, você pode?
    • Também não sei…
    • Você me parece ser capaz de fazer isso não?
    • Sim… também acho.
    • Então?
    • Mas… sei lá… pode fazer isso assim desse jeito?
    • Você está querendo que eu te diga se você é capaz ou que eu te de permissão para agir?

     

    Muitas vezes no consultório as pessoas me fazem esta pergunta “posso?”. A pergunta sempre tem um duplo sentido que eu gosto de colocar para levar a pessoa a refletir sobre o que ela está perguntando.

    “Posso” pode significar uma pergunta relativa à capacidade da pessoa, se ela vai ou não conseguir realizar determinada tarefa, se ela é ou não competente. Nesse sentido é importante avaliarmos com a pessoa se ela confia nas suas competências, se ela sabe o que fazer e como fazer. Este é o caso em que a pessoa pode, por exemplo, saber o que fazer, mas não confiar em si, caso, no qual, o desenvolvimento da auto confiança se faz fundamental

    Também pode ser o caso de uma pessoa que simplesmente não sabe o que fazer. Aqui temos que trabalhar com a geração de competências que levarão a pessoa a conseguir executar aquilo que deseja. Além disso temos a situação da pessoa que sabe, porém teme alguma consequência do seu ato e isso é o que a impede de fazer o que tem que fazer. Nesse último caso devemos trabalhar nela as competências para lidar com o seu medo ou simplesmente ajudar a compreender que o que ela teme é algo “natural”, por exemplo: nem sempre as pessoas ficam felizes ao receberem um limite, fazem cara feia e podem até brigar com a gente, porém isso não significa que o limite seja inadequado.

    Posso, no entanto, pode significar um pedido de permissão. Nestes casos a pessoa não está perguntando, mas sim pedindo ao terapeuta que ele permita que ela execute determinada ação. O ponto a ser trabalhado aqui é a liberdade que a pessoa se dá em agir conforme o seu próprio raciocínio. Muitas pessoas refletem sobre suas condições e fazem um ótimo trabalho com isso, no entanto, no momento de agir, esperam sentadas que alguém lhe de o “sinal verde”. Em geral esperam a vida toda por isso.

    Permitir-se envolve uma boa dose de reflexão, condições para a ação e coragem. Existe um momento em que a pessoa deve desenvolver dentro dela a ousadia para agir sem o consentimento de terceiros, tomando como base apenas aquilo que ela própria considera como adequado a fazer. Muitos de nós emperram neste momento sempre esperando que um pai, mãe ou figura de autoridade lhe de a carta de euforia para agir conforme seus próprios desejos.

    Assumir a responsabilidade por seus atos não é para qualquer um. Muitas pessoas sentem medo e acomodação em relação à isso. Se de um lado não fazem aquilo que acham que deveriam estar fazendo a fim de levar uma vida honesta consigo, de outro sentem-se confortáveis numa vida que não lhes tira da zona de conforto e não os fazem lançar-se desafios que temem. Aprender a lidar com frustração, egos idealizados e preguiça são fatores importantes neste tipo de demanda.

    E você? Pode ou não pode?

    Abraço

     

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