• 7 de setembro de 2015

    Passado e futuro

    • Akim, não sei, mas acho que tem algo que não está rendendo na terapia.
    • O que seria?
    • Eu já falei várias vezes sobre o meu problema e entendi. A gente sempre chega no mesmo ponto não é mesmo?
    • Sim, fato.
    • Então… não estou mais afim de ficar remoendo o meu passado.
    • O que você quer fazer então?
    • Sei lá… quero mexer nisso.
    • Bem, para mexer nisso, você tem que imaginar o que você deseja com isso.
    • Hum… talvez pensar em mudar sabe? Algo como… o que eu posso fazer com o que eu já sei sobre mim?
    • Me parece uma boa ideia. Para onde você gostaria de se direcionar?
    • Quero ter mais firmeza nas minhas decisões… já entendi porque sou assim, mas agora eu quero e ponto.
    • Ótimo… vamos começar a trabalhar com isso então!

     

    Passado e futuro são temas de terapia. Como você se relaciona com o tempo? O seu passado é uma bola de ferro que você arrasta no pé ou uma fonte de segurança e inspiração para o futuro? Este, por sua vez, uma fonte de esperança de dias melhores ou o terror onde seus maiores medos se concretizam?

    Muitas terapias tem seu foco no passado e buscam nele causas para comportamentos atuais. A análise do passado é importante para buscar informação e ver os aprendizados que formamos e os que não formamos ao longo dos anos que podem nos ajudar a compreender o presente e porque, talvez, o futuro não deslanche para nós.

    O limite deste foco é que o passado oferece isso: explicações, nada mais. Saber de algo não necessariamente nos liberta de algo, apenas traz à consciência. Isso pode ou não ser reparador. Pode ou não, porque a partir do momento em que vem à consciência a pessoa deverá lidar com isso, descobrir o que fazer. Nesse ponto a terapia pode dar uma parada.

    Pode parar porque ao invés de lidar a pessoa pode desejar buscar uma explicação da explicação e ficar num retorno sem fim ao passado em busca de novas percepções e descobertas sobre si. Quando a terapia entra no “porque do porque” ela perde sentido e torna-se apenas um exercício mental de buscar novas explicações. Sempre se pode achar uma nova explicação porque nossa mente é fértil em realizar ligações entre fatos e emoções.

    Estes momentos são aqueles em que é importante rever o foco, e sair de uma espiral infinita. Voltar ao presente e direcionar ao futuro aquilo que se aprendeu com o passado.

    O futuro é um outro tema de terapia que envolve aquilo que virá, o mundo das possibilidades. No futuro é que depositamos nossos medos ou nossas esperanças. É lá que iremos triunfar ou fracassar. O futuro serve para refletir sobre o que farei com o que foi feito de mim. A partir de um conhecimento do passado pode-se, então, buscar algo para mudar e isso irá se concretizar no futuro. Este, então, lida com o desenvolvimento ao invés da explicação.

    A pergunta quando se foca o futuro é “como fazer?” e “o que você quer?”. Estas duas perguntas assentam-se no conhecimento sobre quem sou agora – e esse advém daquilo que foi visto no passado. Assim sendo parte-se da “base” (quem sou, como fui constituído) para o futuro (quem posso ser, o que posso mudar em mim, o que desejo). Aqui o foco é compreender a estrutura do desejo e organizar as respostas comportamentais, mentais e emocionais necessárias para concretizar aquilo que se deseja para o futuro.

    O limite do futuro é que um futuro sem raízes deixa uma pessoa que não tem um senso concreto de eu. É fácil com o apelo cultural desejar “mudar”, “ser melhor”, “ir além”, porém a pergunta “para que quero isso”, precisa de um “self” – a “base” que falávamos. O futuro lida com possibilidades, mas é com base em quem somos que se decide quais dessas possibilidades são ou não interessantes para o nosso desenvolvimento.

    E ambos ocorrem no presente. O passado já foi e o futuro virá, é somente agora que você pode refletir sobre eles e agir. Que tal começar?

    Abraço

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