• 5 de outubro de 2015

    Tempo que mata

    • Tenho me sentido meio mal.
    • Porque?
    • Não tenho dado conta de tudo o que tenho para fazer.
    • Sério? Mas porque? Você me parece responsável!
    • Sim sou, mas sabe… é difícil porque além de dar conta do meu trabalho eu tenho que atender os funcionários e realizar funções que não são minhas.
    • Como assim?
    • Bem, eu tenho os projetos que pedem para fazer. Daí os meus funcionários pedem para eu auxiliar eles nas partes dos processos e eu faço isso, aí já morre um tempão. Daí eu tenho ainda que dar conta de lidar com outros setores para solicitar o maquinário para fazer os projetos.
    • Sei… e… isso tudo de tarefa é possível para uma pessoa só?
    • Bem, eu tento fazer que seja.
    • Mas não é, à princípio. Não, por isso que tem uma equipe trabalhando nisso.
    • Entendi. E você está se sentindo mal porque “não está fazendo seu trabalho”. Eu acho que você está é sobrecarregado e não sendo irresponsável!
    • É… pode ser também…

     

    Todos nós já nos sentimos oprimidos pelo tempo e excesso de coisas à fazer. Este sentimento desperta em nós poderosas reações tais como o estresse que visa nos possibilitar lidar com a situação desesperadora. No entanto, parece que algumas pessoas não são afetadas por este efeito, ou, pelo menos, lidam de maneira muito mais satisfatória que a maior parte de nós. O que será que essas pessoas fazem?

    A emoção de sobrecarga é causada por fatores específicos, ou seja, existe uma estrutura de pensamento que dá luz à esta emoção. Em primeiro lugar ela é sentida no tempo presente, sim, isso pode parecer estranho, mas a sobrecarga só ocorre quando a pessoa pensa no presente. Junto com isso ela assume um critério de responsabilidade de alto valor frente à uma série de atividades que precisa dar conta. Não é uma opção deixar algo para depois. Este critério de responsabilidade é unido à uma impossibilidade de realizar todas as tarefas que a pessoa precisa e à uma necessidade de realizar as tarefas ao mesmo tempo.

    Em suma, a pessoa deseja, agora, resolver todas as importantíssimas tarefas que ela tem para resolver e isso deve ser feito agora. Este é o pensamento típico de quem sente-se sobrecarregado. Aprender a lidar com a sobrecarga é um trabalho de aprender a lidar e aceitar limites em primeiro lugar. A maior parte de pessoas que sofrem de estresse e sobrecarga não são boas em estabelecer limites adequados dentro dos quais seja possível ter uma vida com saúde. Em geral forçam-se além dos limites.

    Assim o primeiro passo é estender o tempo no qual as atividades serão realizadas, dando conta da realidade de que elas não poderão ser todas realizadas no mesmo momento. Em mulheres ansiosas e que tem o comportamento de sobrecarregar-se a gravidez pode ser um verdadeiro martírio porque elas, no segundo mês já estão querendo colocar o filho na escola e planejando a festinha de um ano, “mas o dito ainda não nasce… porque não nasce logo?”

    Assim é importante colocar as atividades numa perspectiva de tempo que seja realizável. O segundo passo é distribuir estas tarefas por ordem de importância, para o sobrecarregado todas as tarefas são sempre iguais em importância porque o critério que ele assume é o de realizar todas elas e não de verificar qual a mais importante. Priorizar é uma tarefa árdua para estas pessoas, porém altamente importante. Ao fazer isso, ela deverá ter um aprendizado extra que é o de abrir mão do controle de querer dar conta de tudo. Aprende que algumas coisas vão ficar para depois.

    Pessoas que lidam bem com a sobrecarga tão comum à nós nos dias atuais são craques em fazer estes exercícios. Motivo pelo qual dificilmente sentem-se sobrecarregadas. Podem sentir-se cansadas, porém cansaço é diferente de sobrecarga. O cansaço deriva do uso da força para realizar as tarefas, cansamos porque usamos nossa energia e fazemos nossas atividades. A sobrecarga é uma atividade mental que está sempre cobrando por mais resultados “agora”, assim ela não cansa, ela estressa porque leva o ser além de seus limites. Podemos dizer que enquanto o cansaço pode ser encarado como natural e até saudável a sobrecarga deve ser vista como um perigo em potencial.

    Abraço

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