- Eu estou indo bem sabe?
- Coisa boa!
- Sim… as coisas estão se organizando e me sinto mais tranquilo e feliz.
- Você merece, tem se esforçado para isso.
- Pois é… mas… porque eu fico meio incomodado com isso?
- Com o que, especificamente?
- Eu não estou mais pilhado como antes entende? Tenho tempo de sobra e não estou agitado o tempo todo.
- Te incomoda esse estado?
- É.
- O que ele representa para você?
- Sei lá, fica uma voz na minha cabeça dizendo que eu deveria estar fazendo algo.
- Entendo… que tal se esse fazer fosse poder entrar verdadeiramente em contato com esta tranquilidade?
- Hum…
Dizem os tibetanos que primeiro você deve relaxar e depois se esforçar para continuar relaxado. O estado de tranquilidade, embora desejado, não é fácil de ser vivido em nossa sociedade.
A tranquilidade é uma ação que está sempre em relação à algo. Posso estar tranquilo em relação à prova, ao meu emprego ou em relação ao que tenho que comprar no mercado hoje. Quando dizemos “estou tranquilo”, em geral, fazemos referência ao fato de que não é necessária preocupação, que sabemos como resolver determinado problema, que estamos preparados. É um estado de relaxamento em função de uma determinada ação.
Podemos sentir esta emoção em relação à nós mesmos também. Ou seja, estar tranquilo em relação à si. Significa, dentro muitas outras coisas, o fato de estar seguro de quem se é, compreender suas atitudes o suficiente para enfrentar os desafios da vida e, principalmente, que os problemas que surgem não abalam a pessoa. Em outras palavras, o estado de tranquilidade em relação à si diz algo como: está tudo bem aqui, fique tranquilo.
No entanto, em nossa sociedade este “fique tranquilo” é um sinônimo da “derrota”. Não nos dizem que podemos no acomodar, dizem que precisamos sempre estar correndo, estar contribuindo, estar lutando por alguma causa. A tranquilidade não é uma emoção com a qual o nosso dia a dia corrido e exigente está acostumado. Pessoas tranquilas, em paz consigo, em geral são tidas como estranhas. Precisamos estar em contato com a moda, as notícias, o mercado, nossos desejos, auto estima, corpo e tantas outras exigências que sentir que “não preciso fazer nada” é uma atitude de “contra cultura”.
“Não preciso fazer nada”, é uma atitude que tem a ver com saber do seu lugar. Não impede que a pessoa possa estar em contato com o mundo, mas sim que ela não “precisa” estar mudando e acelerando todo o momento. A palavra-chave para compreender a tranquilidade é esta necessidade imposta culturalmente. O tranquilo não deve, não precisa, não necessita mudar, se desenvolver, mas sim escolhe isso porque estas atitudes estão ligadas diretamente com sua evolução pessoal. Em outras palavras ele vê as possibilidades e negocia consigo qual delas deseja pegar para si.
As pessoas hoje tem muita dificuldade em relaxar e em estar tranquilas consigo pelo medo que tem de parar. O medo de estarem fazendo algo errado em estar bem com elas mesmas. Ou pelo menos… isso é que tenho visto. Quanto menos necessidade de estar dentro de rotinas que não somam, mais a pessoa consegue criar algo que realmente tem a ver com ela. E então esforça-se para não se esforçar mais. E, dizem os tibetanos, assim ela conseguirá relaxar de fato.
Abraço
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