– Não estou entendendo você Akim.
– Estou dizendo para parar de brigar com sua mãe.
– Mas ela é quem briga comigo porque não quer que eu mude o curso.
– Sim e você está brigando como com ela?
– Não sei, me diga você!
– Ok, você aceita a rejeição dela?
– Como assim?
– Você aceita o fato de que ela não quer que você mude de curso?
– Não né!
– Porque não? Ela tem que aceitar isso? Ela é obrigada a concordar com a sua mudança?
– Bom, pensando assim, não.
– Então, porque não aceitar a rejeição dela. É o seu caminho, ela pode discordar dele.
– Nossa é tão estranho pensar nisso…
Não gostamos de ser rejeitados, fato. Porém, ela, muitas vezes é uma parte da vida. Como aceitar a rejeição e continuar sua vida com ela?
O primeiro problema que temos que resolver para lidar com a rejeição é uma crença que diz que: “as pessoas devem me aprovar” ou “é importante que me aprovem”. As pessoas não devem aprovação à ninguém e, portanto, elas não precisam lhe dar isso. Quando nos colocamos com os outros nos devendo aprovação ficamos irritados ao não obter e achamos que estamos sendo injustiçados. Por outro lado, a crença na importância da aprovação do outro lhe coloca numa perigosa situação de dependência. É como se a aprovação funcionasse como um aval de funcionamento, sem ela você não funciona, não continua seus projetos.
Aprender que ninguém lhe deve aprovação e que as pessoas tem o direito de rejeitarem ou reprovarem as suas ideias e atitudes é um ponto fundamental para lidar com a rejeição. Isso, nos leva ao segundo passo:
Perceber que o que está sendo rejeitado não é o seu “eu”, mas sim suas características. Muitas pessoas sentem-se rejeitadas pelo que são ao terem uma ideia negada, por exemplo. Uma coisa é a sua essência, o lugar de onde as ideias nasceram, outra é a ideia em si. O problema, neste caso é a identificação com as características que pode ser muito rígida e impedir a pessoa de olhar coisas simples.
Por exemplo, a pessoa pode sentir-se profundamente mal ao ser rejeitada por uma pessoa que não quis ficar com ela, se ela se identifica excessivamente com suas características, irá entender que ela foi rejeitada e não as características dela. Assim entenderá que o eu dela não serve para ficar com ninguém. Outra pessoa, menos apegada poderia pensar: “essa pessoa não gosta dessas características, vou procurar quem gosta”.
Aprender a olhar as críticas e compará-las com a sua percepção é o terceiro passo e envolve esses acima. Observar aquilo que está sendo dito de uma forma não identificada significa comparar o conteúdo do que é dito com o que eu percebo. Muitas vezes podemos concordar com a crítica e com a rejeição porque percebemos nos motivos que levaram a pessoa nos rejeitar algo válido. Outras vezes não. Observando de maneira imparcial podemos aprender muito com rejeição e nos tornarmos ainda mais sábios.
Outro grande problema em lidar com a rejeição é que não queremos aceitá-la. Aceitar a rejeição significa, também, viver sem a aprovação de uma pessoa que, muitas vezes, é uma pessoa importante para nós. Não se trata, sempre, de uma questão de dependência, mas muitas vezes de uma questão de maturidade ou simplesmente de preferência.
As rejeições familiares frente à decisões profissionais dos filhos é um exemplo marcante disso. Algumas vezes o filho precisa amadurecer o seu papel de filho e de pessoa e compreender que nem sempre contará com o apoio dos pais. São situações que denotam perspectiva de conseguir estar só no mundo, encontrar soluções próprias e entender as diferenças sem zangar-se com elas, a tristeza, por outro lado é super compreensível pela perda que traz na relação. De outro lado pode ser uma questão de gostar de estar com os pais e não poder contar com isso. Novamente é importante saber que nem sempre as pessoas mais próximas vão nos apoiar e, viver com a rejeição, torna-se então a norma.
Aceitar-se rejeitado por uma ideia é algo que mexe na identidade da pessoa além da maneira pela qual ela se comporta no mundo. O lado positivo da rejeição está justamente aí, por mais paradoxal que seja isso, que ao entender que nem sempre as pessoas estarão do meu lado, também me entendo livre para ser quem sou mesmo sem elas. É, talvez, a prova mais importante da percepção de ser um ser individual.