• 16 de novembro de 2015

    Estimar

    – Eu não sei direito porque, mas eu não consigo dar valor pra isso.

    – Sei… bem, me diga quando você entrou na faculdade.

    – Fazem uns 10 anos.

    – Ok, imagine que você está há 10 anos atrás e tem a possibilidade de brincar com o seu futuro.

    – Certo.

    – Pense que você não faz esta escolha, que não escolheu a sua faculdade.

    – Ok.

    – Agora lá do seu passado veja todas as escolhas boas e importantes que fez por causa da escolha da faculdade.

    – Sim.

    – Agora tire elas da sua vida, como se você tivesse apagado elas.

    – Nossa…

    – O que foi?

    – Sensação muito estranha, muito ruim.

    – Do que?

    – De perder sabe?

    – Sim… este é o quanto sua escolha está valendo hoje…

     

    Aprender a dar valor para aquilo que fazemos e para a pessoa que somos é fundamental para desenvolver uma boa auto estima. Porém, como fazer isso?

    Estimar é dar valor. Porque precisamos “dar valor”? Porque nada nesta vida tem um valor pré ordenado. Tudo aquilo que vemos, que sentimos, que usamos, as experiências pelas quais passamos não possuem um valor “a priori”, o valor, o significado é dado pela pessoa que vive a experiência. Por exemplo, duas pessoas passam pelo mesmo evento, ou compram o mesmo item, cada uma delas dará um valor distinto para isso. Enquanto para uma pessoa a festa foi ótima, para outra a festa foi um aborrecimento.

    De certa maneira sempre atribuímos um determinado tipo de valor. Pode ser positivo, negativo, “neutro”, “nada” (sim, isso é uma forma de valorizar, porque quando se diz “nada” de um evento isso possui uma repercussão na maneira que o evento é representado na pessoa), porém sempre temos um valor associado ao que vivemos. A questão é aprender a dominar este processo e dar valores adequados para aquilo que temos e vivemos.

    Aí a grande sacada: valorizar não significa dar valor super positivo para tudo. Isso é um erro. O valor precisa estar adequado aos desejos da pessoa, seus limites pessoais e suas características. Dar muito valor à tudo o que fazemos e vivemos é uma forma enganosa de “auto estima”, na verdade demonstra falta de auto percepção, porque nem tudo que vivemos é super positivo.

    O problema é que muitas vezes a pessoa não consegue saber como determinar o valor daquilo que tem, ou faz ou vive. Uma das técnicas é a que apresentei no diálogo acima. Basicamente você precisa visualizar tudo aquilo que sai da sua vida caso você deixe de fazer aquilo que está fazendo ou abra mão da escolha que fez, ou ainda tivesse deixado de viver alguma coisa.

    O interessante desta técnica é que, em algumas vezes, a pessoa percebe que não perde quase nada. Este é o caso em que a escolha tem pouco valor. Outras vezes o contrário ocorre e a pessoa vê o quanto suas escolhas foram importantes e continuam sendo. E em alguns casos percebe-se que dá-se muito valor para algo que não tem tanto valor assim (e vice-versa). Em todos estes casos o importante é que a pessoa aprende a medir aquilo que faz ou que tem e, com isso, pode organizar melhor a sua maneira de viver isso, sendo dando mais valor ou menos valor à algo ou até mesmo, deixando de fazer alguma coisa.

    E você, qual o valor que dá à sua vida?

    Abraço

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