• 6 de janeiro de 2016

    Incerteza

    – Eu não sei ao certo o que vai acontecer Akim.

    – Sim, eu sei.

    – Eu deveria saber!

    – Seria ótimo se isso fosse possível, mas não é, certo?

    – Não…

    – Então… o que você, de fato, pode fazer, o que você pode garantir para você mesmo?

     

    Em tempos de crise a incerteza é uma emoção que se torna um “pano de fundo” de tudo o que se faz e se pensa. As ações como comprar, vender, planejar o futuro e até mesmo sobre o que e como vou comer e morar tem este desagradável sentimento como companheiro. Como sobreviver à isso?

    A incerteza é uma emoção de futuro. Ao refletirmos sobre nosso futuro e não termos clareza sobre o que ele trará sentimos esta emoção. Ela pode ocorrer porque nós não sabemos exatamente o que o futuro trará ou porque nós não sabemos por onde ir ou ainda se estamos ou não escolhendo o melhor caminho.

    A tendência é desejar estabelecer o controle. Em geral a incerteza é acompanhada pelo medo e, com ele, queremos controlar as circunstâncias para conseguirmos nos sentir seguros novamente. Porém quando o momento é de incerteza generalizada, como fazer isso? Nem mesmo aqueles com muito poder e dinheiro conseguem fazer isso adequadamente, portanto, é importante compreender: controlar a situação não vai ajudar você. Mas, o que vai então?

    Nesse momento temos que fazer um retorno aos filósofos estoicos. Em resumo a ideia dos estoicos era de que devemos nos importar com aquilo que podemos controlar, ou seja, aquilo que ocorre dentro de nós: pensamentos, ideias e comportamentos. Aquilo que não podemos controlar, ou seja, o resto do mundo, são coisas que devemos aprender a lidar, mas não tentar controlar.

    O estoico não rejeita posses ou poder, por exemplo, mas não está apegado à elas e nem mesmo busca nelas a sua felicidade. Para eles, são “coisas” que podem ser empregadas para a realização de eventos importantes, mas, dito isso, sua felicidade permanece dentro daquilo que ele pode gerenciar de fato, dentro daquela esfera em que a vontade e a auto percepção são definidoras.

    A crise exige um misto de preocupação e desapego. Como o futuro está incerto é o momento de preocupar-se sim e realizar planos “a”, “b” e “c” para aquilo que é importante. Porém não é adequado se permitir a decepção consigo perante frustrações e contra tempos. Nesse momento é que é importante lembrar-se do desapego e buscar, como os estoicos, a felicidade onde ela reside.

    Enquanto psicólogo e pesquisador de temas como a felicidade sei que situações como a que estamos vivendo, onde as pessoas perdem suas perspectivas e, em vários casos, elementos fundamentais como casa, acesso tranquilo à comida e água são estressantes.

    O ponto que venho trazer neste post é exatamente esse: é estressante sim. Não quero negar essa realidade, mas sim afirmá-la e, através disso, ajudar o leitor à perceber que ficar assim não é errado. Por outro lado, espero ajudar deixando claro que existem várias formas de lidar com este estresse e culpabilizar-se por um momento macro não é adequado. Não poderemos negar a realidade, mas também tentemos não sucumbir à ela. Vamos superar!

    Abraço

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