– Eu não consigo Akim.
– Eu sei. Pensar de uma outra maneira é algo muito difícil para você.
– Sim.
– Como você faz para pensar de forma tão rígida?
– Como assim?
– Qual a maneira pela qual você cria este pensamento rígido?
– Não sei.
– Então reflita.
Você é daqueles tipo 8 ou 80? Que ou é de um jeito ou não é? O que se esconde atrás de tal atitude por vezes tão útil e por vezes tão inadequada é o tema do post de hoje.
Todos nós temos um “modelo de mundo”, ou seja, uma maneira particular pela qual percebemos e valorizamos o que existe no mundo, assim como aquilo que “vemos” no mundo. Elementos que não estão representados em nosso modelo de mundo não são analisados pela consciência, eles “não existem”, mesmo que “existam”. É óbvio dizer que cada um possui o seu e que compartilhamos um modelo de mundo social com elementos que são comuns à praticamente todas as pessoas.
Dificilmente temos um modelo fixo da realidade, nossas experiências vão nos mostrando partes do mundo que não pensávamos existir, mudanças de comportamento tanto nossas quanto dos outros nos fazem refletir sobre o que achávamos do mundo. As inconstâncias da vida, de forma geral, são responsáveis por nos fazer ampliar, recortar e modificar o modelo de mundo ao longo dos anos.
Por este motivo acima é que a maneira pela qual criamos o modelo é tão importante quanto o modelo em si. Se dou muito valor ao meu modelo e dificilmente me proponho a atualizá-lo, posso passar uma vida inteira tentando fugir de novidades e mudanças apenas para manter aquele modelo vivo. Por outro lado se sou flexível demais posso acabar confuso em relação à maneira pela qual vejo o mundo e nunca agindo com medo de um mundo muito mutante.
Pessoas que são 8 ou 80, em geral tem uma maneira de se relacionar com o seu modelo de mundo que é “ou/ou”. Elas desenham o modelo e se perguntam: isso que estou vendo na realidade está no modelo? Ou sim ou não. Se sim, a pessoa faz algo com aquilo se não faz outro algo. “Ou me agrada ou acho que estou sendo feito de idiota”, é um modelo no qual a pessoa idealiza agrados e valoriza isso como alguém que a considera, a ausência de agrados significa necessariamente ser feito de idiota.
Essas respostas no estilo ou/ou e a baixa flexibilidade na maneira de interpretar o que ocorre no mundo é o que torna as pessoas 8 ou 80. No caso que citei,, por exemplo, a pessoa refletia exatamente sobre isso: estar ou não sendo feita de idiota. Qual era o critério? Serviço não entregue no dia. Porém, o serviço precisava de tempo bom e estava uma semana chuvosa. Com raiva de estar sendo passada para trás a pessoa reclamou e o jardineiro disse que não tinha como fazer um bom serviço num dia de chuva.
Aceitar que isso poderia existir era o problema. No modelo de mundo dela prazos são elementos “sagrados” e era muito baixa a percepção dela de que algo poderia não estar dentro da agenda. Tentar elaborar um modelo de mundo no qual atrasos são possíveis e concretizar os critérios que ajudariam a pessoa a perceber quando está “ok” um atraso e quando o atraso é um sinal de “ser passado para trás” foram alguns dos elementos que trabalhamos para ajudar a pessoa a ficar em paz com o jardineiro.
Por outro lado, ser 8 ou 80 pode ser muito útil também. É o caso de situações em que você não pode mesmo abrir brechas e ter este pensamento digital é muito importante. Controle de qualidade, por exemplo, é uma situação na qual é ou não é, não se pode ter meios termos.
E você, no que é 8 ou 80?