– Akim… eu não sei porque não consigo, parece que tem algo bloqueado aqui.
– Sim, como você percebe este bloqueio?
– É como se fosse um nó na garganta sabe? Sinto a coisa vindo e daí fecha tudo.
– Claro. O que será que é esta “coisa que vem”?
– Não sei, mas minha garganta chega a doer de verdade.
– Eu sei, acredito. Porém, foque nisso que “vem”, o que é?
– Eu não sei ao certo… é como se fosse… tipo um grito de independência sabe?
– Sim, sei. O que você faz com isso?
– Engulo.
– Ótimo, então está engolindo a sua liberdade?
– Parece que é isso…
– E se ela pudesse falar por você, o que ela diria?
– “Deixe de ser bobo!”
– Parece um bom conselho para você?
– Sim.
As pessoas falam que tem um bloqueio e desejam tratar do bloqueio. Mas não seria importante saber o que está bloqueado e como isso pode vir à tona?
O que é um bloqueio? Bloqueio é uma maneira de conter algo dentro de um espaço específico ou de conter, direcionar, o avanço de alguma coisa. Esta “coisa” pode ser uma manada de gado, o óleo na superfície da água, pessoas e multidões ou até mesmo pensamentos, comportamentos e emoções.
O bloqueio pode ser feito de várias maneiras, empregar várias táticas. Em terapia, geralmente as pessoas ficam muito preocupadas ao perceberem que estão bloqueando algo dentro delas. Preocupam-se em saber como o bloqueio começou, como fazem para bloquear e o que é o bloqueio.
As perguntas referem-se à uma percepção do bloqueio, um estudo sobre o ato do bloqueio o que é muito rico do ponto de vista histórico e psicológico. Porém, uma pergunta quase nunca é feita: o que estou bloqueando? Tenho empregado esta pergunta aos meus clientes e percebo um certo assombro junto com dificuldades grandes em responder isso.
Enquanto meu foco recai sobre o bloqueio em si, é normal que eu não veja aquilo que está sendo bloqueado. Enquanto me pergunto sobre a cerca que confina o gado, posso nunca perceber o gado que está lá dentro. Ao perguntar sobre o que é bloqueado estamos buscando informação sobre a vitalidade que está escondida, o poder que está confinado, aquilo que é negado ao “eu”, daí a dificuldade em responder: porque requer mudança de foco, a saber, da cerca para o que é cercado.
No entanto, é interessante notar que, quando a pessoa começa a focar nisso, respostas muito rápida, simples e empolgantes começam a surgir. Ao se perceber aquilo que é confiado também se dá conta do poder que aquilo tem. Ao olhar para dentro da cerca e perceber o que você tem, você entra em contato com as suas potencialidades. A potência apenas permanece oculta enquanto a pessoa observar aquilo que a reprime e der força à essa opressão.
É como um elefante que, quando pequeno, é atado à uma estaca que, naquele momento, o prende. O pequeno elefante aprende que não consegue soltar-se daquilo e “bloqueia” a sua força. Ao ser adulto, ele, facilmente, se liberta da estaca, porém, não o faz por manter sua força confinada dentro de si. Ele olha para a estaca e lembra-se de sua fraqueza ao invés de olhar para suas pernas e perceber sua força.
E você, onde está focando?
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