A tão desejada frase “eu te amo”, assim como o próprio amor, não poderia ser simples. Todos sabemos que não basta apenas dizer as palavras, a entonação que vem junto com elas diz muito mais do que simples gramática.
Uma das “acepções” de eu te amo é “não me abandone”. Costumo trabalhar muito isso com meus clientes porque é importante saber realmente aquilo que você está querendo dizer. Dizer “eu te amo” com a legenda “não me abandone” significa que você não está informando que ama alguém, mas sim que você está pedindo à essa pessoa que não o abandone.
Usar o amor como uma moeda de barganha é algo que complica ainda mais o relacionamento. Quando o medo do abandono se confunde com o ato de amar começamos a fazer ou deixar de fazer coisas que, na verdade, acabam deteriorando a relação.
Outro fato é que pedir à alguém para não te abandonar é um pedido que demonstra uma auto estima muito baixa. Nada de errado com baixa auto estima, o problema é que o pedido “não me abandone” é, na verdade, “me sustente” e esse tipo de pedido deixa qualquer relação muito pesada. Em geral boas relações são construídas com base no compartilhamento de elementos em comum e não em uma das pessoas sustentar o vazio existencial do outro.
Quando a pessoa se dá conta do seu medo do abandono, pode compartilhar isso na relação. Assumir o seu medo sem responsabilizar o outro por ele é algo que pode, sim, aumentar a intimidade e melhorar a qualidade da relação. Ter um parceiro que expressa uma dificuldade e busca superá-la é algo que promove orgulho da relação e essa é uma emoção muito positiva.
O problema que surge na mente daquele que teme é justamente que, ao falar, possa ser tido como fraco e, então abandonado. A questão é assumir o seu próprio medo. A fraqueza está em não conseguir olhar e assumir seus medos e não em dizer o que sente e aprender a superar isso. Emoções não são problemas, são soluções desde que acompanhadas de um comportamento adequado à emoção e à situação.
Abraço