• 11 de abril de 2016

    Prisão

    – Não me sinto bem com isso.

    – O que te faz sentir-se assim?

    – Parece que eu estou preso sabe?

    – Sim. De que forma você foi preso?

    – Não sei direito. Só sinto que não tem como sair.

    – O que seria “sair”?

    – Parar de ficar obedecendo tudo sabe?

    – Ah sim, quem não sabe comandar, precisa obedecer. Você sabe comandar?

    – Não…

     

    Sentir-se preso, sem saída de uma situação é um sentimento devastador. Ele pode minar nossa auto estima assim como aumentar nossos problemas. Como lidar com este sentimento é o tema do post de hoje.

    Para lidar com este sentimento é importante compreender um pouco da lógica envolvida em aprisionar. A prisão é uma sentença que é executada por algum promotor de uma lei que foi quebrada pelo prisioneiro. O mesmo foi, então, julgado, e, recebendo a sentença de prisão, foi preso.

    Nos cabe, então, perguntarmos ao “cárcere”: qual foi o delito que você cometeu? Esta primeira pergunta pode ter muitas variáveis, desde a pessoa que reconhece um crime e vê-se como culpada até uma pessoa que não sente ter culpa nenhuma e posiciona-se como uma vítima da prisão na qual está.

    Conhecer o delito cometido nos ajuda a refletir sobre a natureza do aprisionamento. É algo “moral”, ou seja, a pessoa acha que fez algo ruim? Ou é uma questão mais prática na qual a pessoa não agiu adequadamente numa situação e, agora, se vê presa numa situação incômoda? A natureza do aprisionamento é importante para refletir sobre a soltura.

    O segundo ponto é verificar quem aprisionou a pessoa. Aqui, também, a resposta pode ser variada. A prisão pode ter vindo do passado, um pai ou uma mãe condenadores que ajudam a pessoa a sentir-se culpada por vários motivos, nesse caso a pessoa sente-se uma prisioneira desde muito tempo. Pode ser um conjugue ou um chefe que mantém a pessoa sentindo-se assim ou até mesmo a pessoa pode dizer que ela mesma foi o seu juiz ao perceber-se como culpada de algo que fez ou não fez.

    Quem nos aprisiona é uma questão muito importante porque, de uma certa forma, sempre temos que ter o nosso próprio aval para nos sentirmos aprisionados. A relação da pessoa com quem ela sente que a aprisiona, muitas vezes, é o real motivo da prisão. Questionar sobre quem nos prende nos faz verificar esta relação e como estamos lidando com ela.

    Por fim, compreender por quanto tempo a prisão será necessária, ou seja, se você está preso, então de quanto tempo é a sua pena. Muitas pessoas nunca pensaram sobre isso e tratam o sentimento como uma prisão perpétua. Isso demonstra uma acomodação à situação e isso não é verdadeiro. Outras desejam sair rapidamente, porém sem cumprir a sua pena, o que também não serve, criando uma sensação de falsa liberdade.

    Quanto tempo, não tem a ver com o desejo do prisioneiro, mas sim, com a quantidade de tempo que ele irá precisar para conseguir dar conta de sua sentença. Em geral a sentença tem a ver com algum tipo de aprendizado que a pessoa não teve, por esta razão é importante conhecer a natureza da prisão. Assim, o tempo não é nem longo, nem curto, mas sim o necessário para que a pessoa consiga realizar a sua tarefa com ela mesma.

    A sensação de aprisionamento, tem a ver, quando usamos a metáfora do prisioneiro, com esta relação de aprendizado. Sentimos que estamos presos quando não sabemos como “sair” da situação, por este motivo, somos subjugados por ela. Aprender significa conhecer a situação e suas reações à situação de maneira que você saiba “como sair” ou como nem sequer “entrar nela”.

    Abraço

    Comentários
    Compartilhe: