– Mas eu quero Akim.
– Ok.
– Ok… então está tudo bem de eu ir?
– Não sei, está?
– Me fala oras! É certo eu ir?
– Não sei, mediante à qual objetivo?
– Ai, não complica Akim… eu quero ir entendeu?
– Sim.
– E preciso saber se é a coisa certa!
– Eu não tenho como saber se você não disser o que espera conseguir lá!
Quem diz que faz aquilo que quer, nem sempre está fazendo aquilo que é bom para si. Parece ilógico? Mas não é, o problema é que “eu quero” nem sempre é uma afirmação de escolha, pode funcionar para outros fins, sabe quais?
É interessante durante as sessões que muitas pessoas empregam “tá, mas eu quero” como se essa frase fosse uma bomba nuclear mediate à qual, todo e qualquer questionamento deveriam cessar. Vivemos em uma sociedade baseada no “desejo individual”, na qual, quando dizemos aquilo que queremos, tudo deve ocorrer para satisfazer a nossa vontade.
O que importa não é apenas o querer, mas, também, as motivações que validam este querer. O viciado “quer” drogas, o obeso “quer” comer mais um doce, nem sempre o fato de querermos algo significa que algo será bom para nós. As motivações que nos fazem desejar uma coisa em detrimento de outra podem, inclusive, estar jogando contra o nosso desenvolvimento pleno, nos protegendo contra nossa própria maturidade emocional e psíquica.
O querer é diferente do desejo, o ato de desejar vem de forma espontânea, sem o aval da consciência. O querer é diferente, pois envolve a vontade, ou seja, coaliza o organismo para responder de forma a agir em prol do objeto do querer. Em geral, o querer envolve prazer. As pessoas querem algo que é bom, agradável e prazeroso para elas ou algo que as faça sair de perto de algo ruim. Este nível de querer é fundamental, porém primário e, cada vez mais, as pessoas tem estacionado nele.
O problema de ficar apenas neste nível é que se aproximar do prazer e evitar a dor nem sempre é a melhor escolha. Muitas vezes, sabemos que teremos uma situação difícil, que irá doer e trazer problemas, porém, mesmo assim, temos que enfrentar para crescer. Outras vezes o prazer que recebemos vem mediante a obliteração de nossa auto estima, como quando cedemos diante de uma pessoa para receber seu carinho, mesmo sabendo que estamos certos e ela errada.
“Eu quero” precisa estar aliado a uma percepção realista daquilo que se quer, do que se irá ganhar e perder com aquilo para que o querer não esteja servindo para maquiar problemas ou medos escondidos. Esta é a versão mais comum do problema com o querer. Dizemos “eu quero”, mas, na verdade, estamos apenas evitando enfrentar um medo ou desejando algo que, embora prazeroso no momento, irá levar o seu quinhão da nossa dignidade.
Então, da próxima vez ao invés de afirmar vigorosamente “eu quero” como forma de encerrar uma discussão ou tomar uma decisão, pergunte-se: o que me motiva a querer isso? É de fato isso que preciso? Desta forma? Estas perguntas, em geral, ajudam a clarear o querer. Depois de tomar a sua decisão, avalie novamente: o que eu quis foi bom – no sentido do meu crescimento pessoal? De que forma? Existem outras formas de conseguir isso? Estas perguntas são para o seu crescimento.
Abraço