– Eu não sei o que fazer Akim!
– Chore.
– Chorar?!
– Sim, você perdeu, não tem nada para fazer mais.
– Mas dói.
– Sim, dói.
– Eu não consigo aceitar que terminou.
– Sim, agora não consegue, mas semana passada conseguia né?
– É verdade… porque eu faço isso?
– Isso o que?
– De só ver depois que termina que gosto da pessoa!
A sensação de perda é importante em nossas vidas, ela nos faz perceber, muitas vezes, aquilo que é importante. Porém isso não significa que é necessário primeiro perder para depois dar valor. O que acontece que muitas pessoas só conseguem valorizar depois que perdem.
Pessoas que “só valorizam quando perdem” possuem um sistema de valorização no qual o valor de algo ou alguém é estabelecido mediante as consequências que a ausência da pessoa ou coisa traz. É uma estratégia de perspectiva tal como colocar e tirar um quadro da parede para ver a diferença que faz – com o perdão da comparação. Da mesma maneira que colocar e tirar o quadro da parede evidencia a diferença que a presença do quadro faz, terminar com alguém evidencia a falta que a pessoa faz.
Algumas pessoas não conseguem – por falta de prática – criar uma imagem mental consciente daquilo que tem. Não empregam a memória à seu favor e, dessa maneira, não conseguem perceber essas mudanças sem que elas ocorram. São viciadas em experiência concreta e não conseguem imaginar, visualizar a partir da imaginação partes de sua relação.
Associa-se isso à uma falta de perspectiva temporal, ou seja, pessoas que só valorizam quando perdem, em geral, não conseguem ter uma visão clara de futuro à longo prazo (prazos maiores do que 1 ano, por exemplo). Esta falta de percepção faz com que ela não projete no futuro a vida sem o outro. Assim sendo não consegue imaginar como seria viver fora da rotina atual.
Então, pessoas que só valorizam depois que perdem tendem a dar valor muito grande para a experiência vivida, mas sem construir uma perspectiva em suas mentes daquilo que vivem e nem de criar uma perspectiva temporal. Daí só conseguem viver determinadas emoções e percepções com base na experiência. Para sentirem a vida sem o outro não conseguem fantasiar, apenas viver.
É uma perspectiva triste porque traz muita dor desnecessária e mais de uma pessoa já perdeu “o amor de sua vida” por causa deste tipo de hábito mental. Para mudar isso é necessário aprender a fazer perspectivas de longo prazo e experimentar estas perspectivas. Em geral essas pessoas torcem o nariz para isso e dizem “como vou saber que vou querer algo amanhã?”. Elas sempre sabem, sabem, por exemplo, que não querem planejar nada, mas, usando o próprio argumento delas: se elas sabem que não querem nada planejado para amanhã, bem, isso já é um planejamento.
O segundo ponto é fantasiar a vida sem a outra pessoa e tentar imaginar isso ao longo do tempo para se dar uma perspectiva imaginada de como as coisas poderão ser. Não faça isso no momento da raiva, porque a resposta vai ser certa. É melhor fazer isso – pasmem – num momento bom. Porque neste momento bom você conseguirá avaliar melhor a vida sem a pessoa, com defeitos e qualidades e, como você estará se sentindo bem, não precisará se defender dessa experiência. Com isso, em geral, as pessoas aprendem, a refletir melhor sobre o que querem antes de precisarem viver a experiência.
Abraço