• 25 de abril de 2016

    Quem precisa de certeza?

    – Eu não sei se eu devo fazer isso?

    – Porque?

    – Será que vai dar certo?

    – Não sei.

    – Então… isso que me dá medo.

    – Porque?

    – Poxa e se não der certo?

    – Não deu, faz parte. Até hoje tudo deu sempre certo na sua vida?

    – Não, tem muita coisa que não.

    – Então!

     

    Quando você faz uma escolha, precisa ter certeza de que ela vai dar certo? Decidir algo significa ir em direção ao futuro, ninguém sabe com 100% de precisão o que vai acontecer lá, então, porque precisamos de certeza?

    Certeza propriamente dita só pode existir em retrospecto, pois só podemos ter plena certeza do que já aconteceu e não do que irá acontecer. A percepção do futuro enquanto probabilidade destrói a noção de que podemos saber o que irá acontecer com certeza, mas, ao mesmo tempo algumas coisas parecem certas, esta percepção dúbia confunde muitas pessoas.

    A questão é se perguntar se o que você precisa é saber se aquilo que deseja fazer vai dar certo ou se precisa saber se você está convencido de que é isso que deve fazer. Muitas pessoas desejam fazer algo, mas tem medo em assumir isso. Este medo de assumir é o que as faz desejar saber se o empreendimento dará certo, pois se ele der certo, vale à pena “correr o risco”.

    Certeza e convicção são elementos de naturezas distintas. A convicção não fala sobre o acontecimento de algo, mas sim sobre a percepção de que algo é certo. A certeza, por outro lado, nos fala sobre algo que “é”, ou seja, algo que é sabido. Os seres humanos não podem ter acesso à certeza quando pensam em planejamentos futuros, porém, podem ter acesso à convicção.

    Estar convicto significa estar certo de uma ideia ou propósito. A “certeza”, neste caso é aplicada ao estado interno da pessoa, como este é captado em retrocesso, é possível sentir certeza sobre uma ideia, um estado corporal e, com isso convicção. Estar convicto não significa que a ideia irá dar certo ou que o estado atual irá se manter, mas sim que naquele momento a pessoa percebe o estado como algo “certo”.

    Esse é o impulso que muitas pessoas aventureiras e empreendedoras possuem, elas não tem a certeza enquanto conhecimento sobre o futuro, mas sim sobre aquilo que há dentro delas. Quando buscamos por esta certeza é mais fácil encontrá-la. O problema, para muitas pessoas, é que a convicção gera medo, pois uma consequência natural da convicção é o desejo de ação.

    Neste sentido é importante se perguntar até que ponto não agira será mais prejudicial do que agir. É um ditado conhecido aquele que diz ser melhor se arrepender do que se fez do que do que não se fez. Cognitivamente faz sentido pelo fato de que ao fazer podemos errar, mas isso é auto expressão. Não temos o compromisso de estar certos o tempo todo, porém expressar aquilo que somos o tempo todo é algo “certo” e com isso se constrói convicção.

    Abraço

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