– Mas o que eu posso fazer se ele me faz sentir isso?
– Ele?
– Claro! Quando sinto isso eu estou com ele!
– E você só sente isso com ele?
– Não, já me senti meio mal em outras situações também.
– Então, o que, na relação com ele te faz sentir assim?
– É quando eu não consigo dizer o que eu penso… ele fala uma coisa, outra e eu desisto.
– Entendi, mas veja, é importante você assumir esta emoção. Porque tem que desistir quando ele começa a falar? Porque não usar esse estímulo para se motivar e se superar?
Quando afirmamos nos sentir bem na presença de alguém ou mal na presença de outra pessoa, vale refletir sobre a origem da emoção. A “causa” é o outro? Sou eu? Ou é a relação?
Pergunta de difícil resposta. Entender que a causa é o outro, afinal de contas é na presença dessa pessoa que sinto minha emoção causa um problema que é: se a pessoa for a causa da emoção, então todas as pessoas que estão perto dela deverão sentir a mesma emoção que você. Se isso não for verdadeiro, não se pode afirmar que a causa é o outro.
Se eu sou a causa, o o problema é diferente, pois a emoção sentida deveria ser sempre sentida quando estamos na presença da pessoa. Embora as relações tendam a ter um “clima”, dificilmente sentimos sempre a mesma emoção quando estamos na presença de alguém.
Por fim, nos resta avaliar a relação. A origem da emoção pode estar na relação entre ambas as partes e naquilo que ocorre entre eles. Porém, a reflexão deixa um pouco a desejar quando pensamos que se um dos dois mudar seu comportamento, a relação muda e consequentemente, a emoção pode mudar também. Neste caso, fica a dúvida: se um dos dois mudou o comportamento, como que a relação, em si, é a responsável pela origem da emoção?
A falha dos raciocínios acima está em buscar situar a origem em apenas um lugar. Porque a origem da emoção precisa estar apenas em um dos pontos? O estímulo que causa uma determinada emoção pode estar na minha percepção do outro, pode estar em algo que o outro faz e eu interpreto de determinada maneira, pode estar na natureza da nossa relação ou em mais de um desses lugares. Inclusive, pode ocorrer de estar em mais de um lugar diferente ao mesmo tempo ou de estar sendo causada por algo alheio à relação e a pessoa, porém, sentido no momento da relação.
Falar em origem, no entanto é diferente de falar sobre o que é sentido pela pessoa. Nesse sentido, sentimos o que nos é possível sentir e não importa a origem da emoção, mas sim que ela está ocorrendo em mim. Aceitar a emoção e assumir a responsabilidade pelo que estamos sentido é fundamental para saber o que poderemos fazer com a emoção. Nesse sentido, embora a fonte possa variar, sempre somos donos de nossas emoções, mesmo quando assumimos a responsabilidade pela emoção de terceiros.
Assim, é importante perceber o que nos causa emoções assim como assumir a responsabilidade por aquilo que sentimos com a intenção de gestar aquilo que é sentido. Sem estas atitudes pode-se cair no erro de atribuir a terceiros a responsabilidade sobre nossas emoções, uma vez que não sou dono de minhas emoções, nada posso sobre elas.
Abraço
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