• 22 de julho de 2016

    Eu, uma marionete

    – Mas Akim… o que eu posso fazer?

    – Não sei, o que você poderia fazer?

    – Então… não sei… ele já falou que não pode mais me trazer aqui.

    – Então…?

    – Então?

    – Bem… me parece que suas pernas funcionam não é?

    – Eu vir sozinha?

    – Ele não te carrega até esta cadeira não é?

    – Meu Deus… nunca pensei nisso… mas credo! Dá um um medo!

    Muitas pessoas colocam outros no comando de suas vidas. Escolhem ou simplesmente não pensam no que é melhor para elas e deixam que terceiros decidam isso, por que isso acontece?

    Quem toma decisões sabe que nem sempre é fácil fazer isso. Assumir a responsabilidade é um dos grandes temores que as pessoas sentem e, em geral, se manifesta na pergunta “e se der errado?”. Essa pergunta representa o medo de tomar a decisão e seguir seu próprio caminho, quem toma decisões de uma maneira mais costumeira não “trava” pensando nisso, assume o risco e avança.

    “E o que fazer se não der certo?”, você pode insistir. Simples: lidar com o erro. O problema é que quem não sabe decidir, em geral, não quer errar, não aceita a possibilidade do erro como algo “normal”. Quando digo “normal”, não quero dizer que devemos buscar o erro, mas, sim, que ele existe enquanto possibilidade. O erro, a falha, o fracasso são sempre possibilidades existentes.

    A fuga da responsabilidade é o grande motivador das pessoas que entregam suas vidas nas mãos de terceiros. Consciente ou inconscientemente, fazer isso significa dizer “não foi culpa minha”. Conseguir lidar com as consequências dos seus atos é fundamental e quem não consegue fazer isso pode desejar estar próximo de alguém que o faça. Pode ser um alívio quando alguém diz “a culpa é minha”.

    O medo da responsabilidade em assumir um possível erro, também afasta a pessoa da busca pela competência em realizar algo que vai além do que ela consegue neste momento e este é o segundo grande motivo que as pessoas usam para não assumir a responsabilidade. Quando não somos competentes em algo, ou achamos que não somos, podemos querer colocar a responsabilidade de nossas vidas em alguém que percebemos como competente. Se a pessoa não se percebe como capaz de bancar suas contas, pode querer arrumar alguém que o faça, ao invés de desenvolver a competência por ela mesma.

    Porém estas duas atitudes mantém a pessoa dentro de uma esfera de incompetência. Ela se mantém sem conseguir assumir as consequências de seus atos, precisando, sempre de alguém que faça isso por ela. O problema com isso é que ela, para manter esta atitude, começará a duvidar de suas próprias ideias, afinal: “quem é ela” para ter estas ideias?

    O custo em não buscar competência também é alto. Manter-se à sombra de uma pessoa competente apenas pelo medo de buscar aquilo que o tornará competente faz com que você precise frear seus impulsos e vontades afim de permanecer um incompetente. Não é necessário enfatizar quanto isso acaba com a auto estima da pessoa.

    Assim, o ponto final é que o medo em assumir a responsabilidade termina por gerar as condições que tornarão a pessoa realmente incapaz de tomar decisões no futuro. Na medida em que o tempo passa, a falta de experiências em decidir faz com que a pessoa não desenvolva o repertório necessário para lidar com as várias facetas das escolhas e, neste momento, ela pode, sim, tornar-se realmente dependente, não apenas emocionalmente, mas comportamentalmente também.

    Abraço

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