– Mas Akim… vai que ele resolve me largar se eu falar isso para ele.
– Sim, é verdade, tem pessoas que, quando recebem limites, não aguentam e querem sair da relação.
– Então?
– Então você se pergunta: aguenta viver sem dar esses limites, de maneira saudável para toda sua vida?
– Não.
– Então se ele não aceita o seu limite, que, na minha opinião, é bem adequado, talvez a relação com ele não seja adequada para você.
– Pois é…
– Agora… você já pensou no oposto? Já pensou que ao receber o limite, ele pode até reclamar um pouco, mas depois pode acabar te respeitando ainda mais?
– Não.
– Essa também é uma possibilidade, afinal de contas, gostamos, de forma geral, de pessoas que deixam as coisas às claras com a gente.
– É verdade…
Em geral, quando pensamos na mudança de um determinado comportamento, sentimos medo e pensamos em coisas ruins que podem acontecer, porém, porque não pensamos nas coisas boas que podem vir da mudança?
Toda mudança nos traz para uma situação de instabilidade, ou seja, um comportamento novo não é algo que dominamos, não temos experiência suficiente para saber como funcionamos e como o mundo funciona quando nos comportamos de forma diferente. Assim sendo, a primeira reação habitual é de imaginar aquilo que pode dar errado, afim de tentar nos proteger.
O problema é que as pessoas geralmente usam esta reação inicial para evitar o comportamento novo e não para se protegerem. A proteção envolve a ação, o skatista compra equipamentos de segurança para fazer o esporte e não para ficar em casa sem fazer nada. Refletir sobre aquilo que pode dar errado é um tanto instintivo, pois aprendemos a evitar aquilo que é ruim afim de sobreviver.
Porém, ocorre que o lado bom da mudança também precisa ser verificado. Não se trata de “por na balança”, mas sim de refletir: vale a pena? Se o que você visualiza como algo bom advindo de uma mudança no seu comportamento é viável e é importante para você, é necessário agir com o foco nisso. Manter o foco naquilo que desejo alcançar não tem a ver com pintar o mundo de cor de rosa como as pessoas afirmam, mas sim criar intenção ao agir.
Esta falta de intenção é o que faz as pessoas não olharem para aquilo que é bom nas mudanças e tenderem a focar no que é ruim bloqueando suas ações. Em parte, fazemos isso porque não acreditamos na mudança, não acreditamos que nós somos capazes de realizar a mudança ou porque uma parte de nós crê que precisamos ficar onde estamos.
Não crer na mudança significa não se permitir ousar olhar para o mundo e ver que existem muitas pessoas que já fizeram as mudanças que você quer fazer. Isso é algo lindo quando estudamos mitologia: perceber que desde o princípio da civilização as pessoas tem passado pelas mesmas histórias, os mesmos desafios e vencendo-os. Acredite: não há história hoje que um ser humano já não tenha passado, você não está só naquilo que não consegue fazer, outros já estiveram aí e venceram, junte-se à eles.
A falta de crença na sua competência em realizar a mudança tem a ver com sua ação. É necessário agir para se perceber competente. Além disso, é preciso valorizar a nossa experiência e resultados afim de perceber a relação entre nossa ação e os resultados que trazemos para nós mesmos, isso é o que gera a confiança. Lembre-se: a confiança é uma emoção de passado, ou seja, só posso acreditar em algo que já aconteceu.
Por fim, a parte que acredita que precisamos ficar onde já estamos é uma parte que precisa ser ouvida com atenção. Nenhum comportamento nasce ao acaso, por este motivo é importante entender como ter um novo comportamento irá afetar a pessoa como um todo, muitas vezes, uma mudança positiva pode trazer outras consequências com as quais a pessoa não sabe lidar e isso pode sabotar todo o processo.
Abraço