• 2 de setembro de 2016

    O fim não é o mais importante

    – Eu estou precisando de férias.

    – Para que?

    – Ah, para me livrar um pouco dessa vida.

    – Será que é de férias ou de uma nova vida o que você precisa?

    – Mas e como que vou fazer?

    – Bem, se responsabilizar por ela seria um começo não?

     

    E se você morresse amanhã? Continuaria fazendo o que faz no seu dia a dia? Embora a afirmativa para esta pergunta possa soar como um sinal de resignação, a verdade é que o oposto demonstra maturidade emocional frente à rotina.

    Quando você vai morrer? A pergunta sempre nos inquieta, pois a verdade é que não sabemos. Encarar a vida, portanto, significa conviver com a incerteza do momento da morte, assim como sua causa ao mesmo tempo que temos a certeza de que ela virá. A construção de nossas vidas precisa estar envolvida nesta perspectiva desde o começo.

    Por este motivo, quando alguém diz: “ah, se eu soubesse que ia morrer amanhã, faria tudo diferente hoje” não tem uma resposta madura pelo fato de que não está levando em consideração o fato de que pode vir a morrer amanhã. Há dificuldade em lidar com essa percepção, por este motivo as pessoas a deixam de lado, porém aceitá-la é fundamental para ter uma vida, de fato, saudável. Não podemos deixar a morte de lado, ao mesmo tempo que ela não pode ser a definidora de nossas vidas.

    O ponto recai, então, na qualidade de vida que a pessoa cria para si. O equilíbrio entre morte e vida é a qualidade do viver. A morte não traz reflexão sobre o que não foi vivido, refletir sobre isso perante a morte é inadequado porque ela não permite a continuidade da vida, então, não é um raciocínio válido. Ele apenas é útil enquanto estamos vivos. Porém, neste caso, é mais interessante refletir sobre o que desejo e posso viver. Estabelecer critério realistas é fundamental para uma boa vida.

    A qualidade do viver acontece aonde? Em nosso dia a dia, ou seja: em nossa rotina. Você pode não gostar destea ideia, mas o fato é que se podemos morrer a qualquer momento, a probabilidade de que isso ocorra em nossa rotina é enorme porque é onde passamos a maior parte de nosso tempo. Então a questão é se sua rotina tem qualidade.

    A pessoa que estabelece uma rotina feliz para si não deseja abrir mão dela, seu último dia na terra seria vivido de maneira perfeita e plena executando as atividades às quais dedicou toda a sua vida. O importante não é o fim, mas sim o meio do caminho. Afirmar isso não é resignação, o fim deve ser buscado, porém como o futuro é incerto é sinal de imaturidade depositar todas as esperanças nele, a pessoa realmente madura busca o futuro (visto que a probabilidade de se chegar ele é grande) com a percepção clara de que pode morrer antes, por este motivo aproveita bem a viagem.

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