– Akim! Já te falei que ela não muda isso!
– Eu sei disso. A questão é que você ainda quer que ela faça a mudança que ela não quer.
– É verdade… mas ela não poderia mudar?
– Bem, se você começasse a pedir seria um começo, não é?
– Mas não gosto desse ideia… acho que ela deveria perceber.
– Entendo, então, talvez, deva comprar uma bola de cristal para ela.
Porque algumas pessoas costumam sempre reclamar das coisas? Uma das respostas é porque elas acham que o mundo está devendo algo para elas.
A reclamação é um comportamento que visa demonstrar insatisfação com alguma coisa, até aí, nada de errado. Porém, algumas pessoas tem na reclamação um hábito, sempre encontrando algo do que reclamar. Existe, inclusive, aquelas que aprendem a se calar e reclamam internamente, criando vários diálogos internos com a pessoa ou com a situação com a qual estão tendo problemas.
Um dos perfis desses “reclamões profissionais”, é de ser uma pessoa que não sabe resolver muito bem seus problemas. Seja por expectativas altas demais, por incompetência comportamental ou até mesmo emocional, algumas pessoas não conseguem dar conta de maneira adequada dos seus problemas e, por este motivo, acabam se tornando “reclamões”.
Porém, não se trata apenas de “não saber lidar” com o problema. A pessoa que reclama cronicamente, também se identifica com o papel de vítima do mundo, ou de credora do mesmo. Ambas estruturas são variações do pensamento que revela que o sofrimento que o reclamão tem é um problema causado por terceiros e que deve ser resolvido por terceiros. As pessoas e o mundo, toda vez que interferem com o desejo ou problemas do já citado, se tornam algo nocivo e o reclamão se ressente disso.
Esse ressentimento é o ponto chave. Todo reclamão é um ressentido crônico também. Esta mágoa que ele nutre pelo mundo é onde ele gasta a sua energia ao invés de empregá-la em soluções. Assim sendo, as pessoas e o mundo se tornam os responsáveis pela sua miséria, ele se percebe como alguém que nada pode fazer contra isso e, por esta razão, termina por ficar apenas na reclamação.
Mas quando digo “apenas”, é importante de notar que esta atividade desgasta e usa muito da energia do reclamão, ou seja, não é “fácil” reclamar, existe todo um protocolo interno para a reclamação surgir. Obviamente, com o tempo nos tornamos práticos e experts, porém isso não retira o enorme gasto de energia envolvido na atividade.
Se o mundo me deve, ele deverá pagar. A fórmula empregada pelo reclamão é usada para tudo, principalmente toda pequeno, médio ou grande frustração que ele tem ou terá. Quando se assume a fórmula acima a tendência é empregá-la para justificar até mesmo quem se é e o reclamão crônico termina por ter uma identidade que, muitas vezes, desenvolve-se assim: “como é que eu aguento, passar por tudo o que eu passo.” Em outras palavras, a vitimização é onde se encerra a identidade do “reclamador profissional”.
Abraço