– E daí foi bem legal porque todo mundo me deu parabéns e disseram que a peça foi linda
– Que ótimo! Parabéns!
– Sim!! Mas você não sabe o que aconteceu depois.
– Tem a ver com o seu estado de humor?
– Tem.
– Você não conseguiu acreditar neles e se sentiu estranha porque se sentiu uma fraude?
– Nossa… meio que isso sim, não com essas palavras, mas sim…
Conhece pessoas que genuinamente não estão satisfeitas nunca? O aplauso ao invés de saciar parece provocar ainda mais dor, o elogio é difícil de ser digerido. Não se trata de quão bom você é, a questão é outra.
Nossa auto imagem é importantíssima, pois é a partir dela que criamos os juízos de valores sobre nós mesmos e essa é a base de nossa auto estima. O ponto mais interessante sobre a auto imagem é que não conseguimos enganá-la. podemos fingir durante um tempo, mas, no fim, aquilo que pensamos sobre nós mesmos sempre prevalece. Mesmo que todo mundo ao nosso redor diga o contrário.
A estrutura do balde furado tem a ver com uma auto imagem negativa da qual a pessoa desesperadamente quer se afastar. O afastamento pode vir por negação, tentativa de ser diferente ou fuga. O resultado é sempre o mesmo: a pessoa sempre está procurando por algo que não sabe bem o que é, sente-se incompleta e sem a perspectiva de se completar. A sensação é nauseante.
O ponto mais temido é, ao mesmo tempo, fonte de dor e possibilidade de redenção. A dor reside, de maneira óbvia, no teor da auto imagem. A pessoa que se acha “esquisita”, “diferente”, “estranha”, “idiota”, “burra” ou “feia”, constrói para si uma perspectiva de alguém que é incapaz de ser desejado, amado ou de pertencer à um grupo ou família. Isso faz com que a pessoa busque constantemente pela aprovação de quem é.
Porém, o tiro sai pela culatra quando a pessoa consegue ou não consegue chamar a atenção para si. Se ela não consegue, reforça a sua auto imagem negativa. Se ela consegue, também! Porém, nesse caso o raciocínio é inverso: “sou um idiota e esquisito, portanto, preciso fazer coisas para ter um lugar. Consegui o meu lugar através do meu esforço, viu só como eu tinha razão? Eu tinha que fazer isso senão não teria um lugar”.
Com este pensamento a pessoa não consegue se preencher, pois a próxima frase na continuidade do pensamento é: “então preciso continuar fazendo isso”. Nesse ponto a pessoa não consegue aceitar qualquer possibilidade de se considerar “boa” porque o custo pode ser muito alto: perder aquilo que já conquistou. A conquista em si não tem o valor que poderia ter porque se tiver põe a pessoa em risco de não fazer o que deve fazer de novo.
Este é o ponto no qual o balde fura. A redenção está em parar de tentar tapar o balde (pois cada furo fechado cria um novo furo). Aceitar sua auto imagem negativa, embora doloroso, é um processo necessário porque ela, naquele momento é sua verdade. E sempre temos que começar pela verdade. Assim sendo aceitar as percepções negativas que você tem sobre você é o que ajudará a ver a sua verdade. Aprender a se amar assim é aprender a dar-se o valor que você, de fato, precisa: o auto valor.
Abraço
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