– Mas Akim… como é que eu faço?
– Sente. Consegue aceitar esta emoção?
– Não… é difícil… eu sinto, mas não consigo me apegar à ela.
– Entendo. O que você percebe que te impede?
– É como se fosse uma voz na minha mente, me dizendo que não é bom relaxar.
– “Não é bom relaxar”… perfeito… como você faz para valorizar esta voz?
– Não sei ao certo… mas acho que quando eu faço o que ela me pede para fazer ao invés de relaxar e ficar numa boa.
– Sim, algo assim.
É normal sentir medo de se sentir bem? Por incrível que pareça, sim. Não é raro em terapia as pessoas perceberem este medo. No entanto, é fundamental compreender suas origens para saber como vencê-lo.
É importante partir do princípio que a saúde mental é algo conquistado pela pessoa assim como pela sociedade. Em outras palavras, a saúde mental não é uma causa, mas sim uma consequência de atitudes. Logo, a maneira pela qual lidamos com aquilo que pensamos, sentimos e com nossas ações está relacionada com a qualidade de nossa saúde física e mental.
A partir desse ponto podemos compreender que ao longo de nossas vidas, podemos aprende a acreditar em pensamentos e crenças que não ajudam a manter uma boa saúde mental. É possível darmos crédito a algo que nos faz tensos, inseguros e infelizes. O problema é que quando passamos a dar crédito à esta ideia, mesmo que ela seja algo nocivo, aprendemos a ver o mundo de acordo com ela.
Isso significa que vamos estruturar nossa identidade, crenças, conhecimento sobre o mundo a partir disso. “Eu sei quem sou porque sou inseguro”, esta frase, por exemplo, é uma definição de eu, uma maneira de se identificar. Se uma pessoa se identifica como insegura, ela passa a crer que a insegurança é parte fundamental de seu eu, logo, quando não se sente insegura, algo está errado.
Se uma pessoa possui a afirmação acima, ela tenderá a sentir-se estranha caso sinta-se segura, por exemplo. É o que chamamos de ecologia. Uma vez que a insegurança faz parte de quem ela é, é importante ajudá-la a sentir-se segura, sim, porém, também se faz importante (e talvez ainda mais importante) que essa segurança possa ser parte de sua auto imagem.
O medo que se sente de algo bom, então, em geral, está relacionado com o fato de que não percebemos que somos dignos de coisas boas. Outra hipótese é associar “coisas boas” com catástrofes, problemas e desilusões. Cria-se, então o medo não daquilo que é bom, mas daquilo que é diferente. É interessante porque mesmo se o diferente for algo positivo, ainda assim a pessoa sentirá essa estranheza e, possivelmente, medo.
Abraço