– Eu estou meio mal.
– Estou vendo, o que acontece?
– Ah é essa gastrite que não me larga.
– Você que não larga dela, melhor dizendo.
– É… é verdade.
– O que você não está digerindo direito?
– Bem… nem sei direito.
– Então vamos saber.
Somatizar, de forma geral, é expressar no corpo uma situação emocional e/ou psicológica. Esta capacidade nem sempre serve bem às pessoas que ficam procurando em médicos e especialistas de saúde uma solução para os seus problemas físicos, que são, na verdade, emocionais.
O termo é conhecido de maneira geral tanto no campo da psicologia quanto na área médica. Muitas especialidades médicas como a dermatologia e a gastroenterologia reconhecem a profunda relação entre sintomas físicos e psicológicos e emocionais. Termos como “dermatite nervosa”, mostram que a “causa” da doença é puramente emocional. Nesses casos, é possível usar medicação, porém esta não cura a causa e isso mantém o efeito, ou faz algo mais pernicioso: muda a doença.
Não é algo incomum que a pessoa busque um dermatologista, faça um tratamento e logo depois aparaça uma úlcera que é tratada e logo depois aparece outro sintoma. Isso ocorre porque a causa permanece buscando formas de se expressar no corpo. O ditado “quando a boca cala os órgãos adoecem” é muito sábio. De fato, ocorre que em todos os casos de somatização a pessoa tem dificuldade em expressar conflitos, ideias ou necessidades. Para se calar ela sobrecarrega-se. Uma metáfora adequada é acelerar com o freio de mão puxado. Há um movimento que deseja falar e expressar e, ao mesmo tempo, outro que não o faz. O conflito traz a doença por estresse emocional.
Não há nada de místico em somatizações, pelo contrário, são muito claras e concretas em geral. Quando falamos em expressão, o termo também merece atenção. Popularmente falando, expressar é “por para fora”. Porém essa atitude nem sempre ajuda. É importante encontrar maneiras adequadas de expressar emoções, jogar tudo do jeito que vem em cima de alguém nem sempre é adequado. Quando me refiro à adequado, não o faço em relação às normas sociais, mas sim a pessoa que sente a emoção, a situação e a emoção em si.
Pois se calar faz com que os órgãos adoeçam, também é verdadeiro que ao bem expressar os órgãos se rejuvenescem. Esse é outro aspecto pouco explorado sobre as somatizações: é possível ter somatização benéfica. Vemos uma pessoa que tem uma pele sempre lustrosa e bonita. Em geral, são pessoas que estão de bem com a vida. Emoções positivas, rotina saudável e a manutenção de relações positivas ajudam o corpo a somatizar o bem-estar em imunidade mais elevada, mais circulação de sangue pelas periferias do corpo, sono e digestão melhores e pele mais bonita.