• 17 de novembro de 2017

    O que é essencial?

    – E daí que eu fui.

    – Porque foi?

    – Ah, eu não sabia se deveria ir ou ficar, então fui.

    – E como foi?

    – Ruim.

    – Bem, você já sabia que seria ruim, não sabia?

    – Meio que sim… mas porque eu sabia?

    – Boa pergunta.

    – Porque não era exatamente o que eu queria?

    – O que você acha?

    – Que sim.

    – Está aí a resposta.

    – Mas então eu não devo fazer nada que não é importante para mim?

    – O que você acha?

     

    Muitas pessoas fazem muitas coisas. Porém, nem sempre fazem aquilo que importa. Aprender a lidar com o essencial em nossa vida nos faz gastar menos tempo com bobagens e mais tempo com a construção do que queremos. Porém, nem sempre é fácil criar esta essência, muitos esperam que ela venha sem esforço, mas ela não vem.

    Quando pensamos em “essência de lavanda”, por exemplo, a imagem nos leva ao cheiro concentrado da flor. A ideia da essência é captar da maneira mais pura e intensa possível aquilo que é a marca registrada do cheiro de determinada substância. Não se trata de montar um cheiro para agradar alguém, e sim de captar aquilo que a substância tem de mais importante em relação ao cheiro. Quando pensamos em nós, vale o mesmo raciocínio. Do que sou feito? Qual a minha essência, por assim dizer? O que é realmente importante para mim?

    Cada um de nós possui forças e virtudes pessoais que são “simples”. Dizendo de outra forma, existem características em nós que fluem sem nenhum esforço e, muitas vezes, sem raciocínio. É algo “natural” à nossa pessoa. Este é um passo para começar a identificar nossa essência. Mutias pessoas se escondem de suas virtudes porque não acreditam nelas ou porque são diferentes das virtudes apregoadas pela sociedade em que vivem. Ao negar isso, negamos nossa essência.

    Quando usamos essas forças e virtudes em algo que naturalmente as canaliza, sentimos que estamos agindo com o mínimo esforço possível. Este estado, chamado de “flow” está além do prazer e é altamente motivante. É o famoso “perder-se no tempo” enquanto está fazendo uma atividade ou outra. Estas atividades nos indicam outra parte de nossa essência, relacionada com aquilo que podemos fazer com as forças e virtudes que temos em nós.

    Por fim, uma outra forma de criar nossa essência está naquilo que nos conecta à “algo maior” que nós. Desde uma agremiação na qual sinto contato com uma ideia maior ou um grupo maior, até uma instituição como uma ONG ou religião, esta sensação de participar de algo que é maior do que a gente nos conecta à nossa essência. Porque? O “algo maior” é particular para cada um. Alguns sentem este contato, com um grupo de pessoas ligadas à uma atividade, outros à uma crença religiosa e alguns apenas em relação à natureza, sem a presença de seres humanos.

    Estar atento a estes fatores acima nos leva a ver aquilo que é importante para nós. Aquilo que somos. Com isso, é possível crescer e evoluir de maneira singular. A conexão com as demandas externas é possível, porém, ao perceber-se na essência, vemos aquilo que realmente podemos dar conta e o que não podemos. Aquilo que vale a pena fazer e o que não vale. Nesta era de cada vez mais velocidade e informações, esta habilidade é fundamental. Afinal de contas a lavanda sempre será lavanda, nada adianta à ela desejar ser cravo ou rosa.

    Abraço

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