• 8 de dezembro de 2017

    Às mulheres, que digam “sim” se quiserem

    – Fiquei com uma raiva daí.

    – Porque?

    – Ah Akim! Ficamos lá conversando e no final ele vai e fica com outra, que é isso?

    – Mas ele quis ficar com você, você disse não. O que esperava?

    – Ah… eu disse não, mas assim… não é “não” de não quero, mas tipo…

    – Tipo?

    – Ah Akim, não dá para ir ficando assim, sem pensar né?

    – Bem, a outra mulher não pareceu se importar muito.

    – Ah… bem, sem comentários né?

    – Porque?

    – Ah… nem vou falar…

     

    É ensinado às mulheres que não mostrem seus interesses sexuais de forma clara. Esta maneira de lidar com o desejo distorce o comportamento e a compreensão da mulher. É difícil mostrar sem mostrar, ou não mostrar querendo mostrar algo. Na verdade o problema é que a mulher se priva de ter comportamentos que podem ser muito úteis e refletirem melhor o seu verdadeiro desejo.

    (Neste post, estou me referindo à experiência sexual da mulher heterossexual) Existe, um jogo sexual entre homem e mulher. Não é necessário negar que o jogo, quando bem jogado envolve ambos e mostra de maneira eficaz o desejo de um pelo outro. Este tipo de jogo é saudável e interessante para os dois porque permite que o desejo seja apresentado. A maneira sutil e provocativa não nega o desejo, apenas refina a sua manifestação.

    Porém, nem sempre é isso o que ocorre. Boa parte das vezes, em consultório, o que vejo é uma deturpação deste jogo. Algumas mulheres avançam, porém, quando o momento de deixar o desejo evidente aparece, elas se retiram. Acreditam que, com isso, não estarão sendo vulgares ou não se mostrarão demais ou até que estão “testando” o desejo do homem por elas. Na verdade, o único evento que ocorre de fato é que elas terminam por afastar o outro e se confundir com isso.

    É fundamental para a mulher saber até onde desejar ir. E se permitir ir. Já atendi várias pessoas que desejavam ter “ido um pouco mais”, mas em nome de uma certa moral, deixaram de fazer o que desejavam. A mulher se torna mulher quando assume aquilo que quer e não quando segue uma regra social externa à ela. É o poder de decidir que nos torna pessoas e não de obedecer normas que não expressam nosso verdadeiro desejo.

    Neste sentido a moral deturpa o desejo sexual feminino tratando-o como depravado ou perverso. A intenção das mulheres é não se mostrarem como pessoas sem índole ou preservarem algo de sua dignidade. Acredita-se, então que a mulher é mulher quando diz não. Quando evita até o último momento aquilo que ela também quer. Foi como falei anteriormente, há um jogo de fato, no qual o adiamento de um beijo ou transa é interessante para ambos, pois gera excitação. Porém o adiamento do qual falo aqui nada tem a ver com isso, é, meramente o ato de obedecer uma norma, não refletida, apenas seguida. Quando se coloca desta maneira, a mulher não é mulher, mas sim menina, ainda esperando a aprovação de alguém.

    Este post é para muitas mulheres se permitirem irem atrás do seu desejo. Assumir aquilo que de fato querem sem medo de ser feliz. O preconceito existe sim, porém é a mulher a primeira a mostrar-se acima dele. Não se trata de sair por aí fazendo o que der na telha. Sucumbir à impulsos é tão contraprodutivo quanto negar o desejo. O que estou falando é sobre ser adulto, uma mulher, de fato, ao invés de uma menina. A diferença reside, sempre na percepção do  desejo e na livre escolha do que fazer com ele, de acordo com a sua própria consciência.

    Abraço

     

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