– Mas Akim, não sei o que fazer!
– Sabe sim, o que você quer?
– Eu fico pensando nos dois lados e…
– Calma, não foque nisso… perceba apenas o que você já me disse várias vezes que quer.
– Não quero aceitar esta proposta, quero ir atrás de outra.
– Exato.
– Mas…
– Sem mas, apenas foque nisso. Deixe sua mente lhe trazer todas as consequências dessa decisão.
– Ok.
– Agora olhe para estas consequências e diga: eu assumo responsabilidade por elas.
– “Eu assumo responsabilidade por elas”.
– Como se sente?
– Melhor… mais calma.
Muitas vezes as pessoas não tomam atitudes porque olham para as consequências de seus atos. Elas não desejam consequências, apenas satisfazer aquilo que desejam. Porém a realidade é outra e nem sempre as escolhas que fazemos não nos trazem consequências difíceis para lidarmos.
É algo muito comum ouvir as pessoas contabilizando possíveis consequências de suas ações, tais como: “ele(a) vai ficar zangado(a)”, “vai dar uma trabalheira para avisar a todos”, “tenho medo de que [algo] aconteça”. E então, concluem: “é por isso que eu não posso fazer nada”, “isso me deixa muito confuso(a)”. Porém há uma lógica equivocada agindo nesta conclusão. Esta lógica nos faz crer em ilusões sobre o processo decisório e sobre agir no mundo.
A lógica a qual me refiro, dita que basta desejar e as coisas vão ocorrer da melhor forma possível para você. Esta lógica é tida como uma regra sem a qual não posso realizar nada. Então, o problema surge quando as consequências “naturais” de uma decisão aparecem e confrontam esta regra. Por exemplo, terminar um relacionamento envolve tristeza, porém se acredito na regra acima citada, entendo que se for para ficar triste, o melhor é não terminar, o desejo de terminar, então é tido como “errado” e a pessoa fica “confusa”.
Se olhamos para esta lógica vemos logo de cara que ela é falsa. Em primeiro lugar não “basta” desejar, precisamos, também agir. Em segundo, as ações tem consequências possíveis dentro de um contexto e não as “mais desejadas” por nós. Em outras palavras o que provavelmente irá ocorrer é o que é mais possível de acontecer, tomando por base a realidade e não nossas fantasias, expectativas e ilusões. Assim sendo, olhamos para as consequências – positivas e negativas – não como algo que bloqueia a ação ou dita que o desejo é equivocado, mas, sim, como “parte” do processo.
É muito diferente pensar: “eu não quero que ele fique magoado com o término” e pensar: “sei que ele ficará assim, será que posso fazer algo para ajudar?”. A primeira lhe fará frear a sua ação, a segunda entrar em movimento. Considerar as consequências e nos prepararmos para as mais prováveis faz parte do processo de decisão. O processo decisório imaturo não lida com estas informações, mas a pessoa que amadureceu a sua forma de decidir sabe que consequências vão acontecer, não é uma questão de escolha e sim de realidade.
Assim sendo, quando assumimos a responsabilidades pelas possíveis consequências de nossas ações, entendendo que precisamos reagir à elas como parte do nosso processo de mudança, a representação dessas consequências muda dentro de nós. Passamos a ver isso como inerente ao ato de mudar e decidir e podemos, inclusive, usar estas informações como uma forma de decidir melhor no futuro. Isso se deve pelo fato de que muitas vezes tomamos ações sem considerar fatores que vão nos atrapalhar no futuro, quando assumimos responsabilidade, começamos a levar em conta estes fatores.