• 12 de junho de 2019

    Porque sentimentos positivos são importantes?

    – Mas e como que eu vou fazer? Ficar lá, sentado e saciado?

    – Sim.

    – Isso é absurdo Akim, como que eu vou evoluir?

    – Boa pergunta. Como sentir saciedade pelo que você já fez pode te ajudar a evoluir?

    – Não sei, eu acho que não vai.

    – Já tentou?

    – Não.

    – Então você não tem evidência disso, tem?

    – De fato não.

    – Eu sei que você gosta de churrasco. Me diga, depois de comer uma bela picanha, você desiste de comer picanha?

    – Não… eu sempre penso no próximo churrasco.

    – E quando um churrasco é muito satisfatório, você sente menos ou mais vontade de fazer o próximo?

    – Mais.

    – Mesmo se sentindo satisfeito com ele?

    – Sim… mesmo de bariga cheia.

    – Fique com isso enquanto reflexão

     

    Sentimentos positivos tendem a ser associados com momentos bons, onde são desejados ou então com uma percepção de que se a pessoa é “feliz demais” ela deve ser “meio burrinha”. Por incrível que pareça, vivemos em uma era que deseja a satisfação acima de tudo, ao mesmo tempo, teme e tem vários preconceitos sobre esta emoção tão importante.

    As emoções são forças poderosas. Elas, como sempre digo, são reflexo daquilo que vivemos e de nossa forma de interpretar o mundo. Mas é um fato de que elas também nos abrem para ações. Neste sentido é que as emoções positivas precisam ser percebidas. Em geral, as pessoas se permitem sentir alegria, satisfação ou paz, apenas em momentos muito específicos. Com esta mentalidade, não “treinamos” nossa percepção para ver o quanto essas emoções são importantes para nós e o quanto sua presença em nossa vida depende da nossa interpretação do mundo.

    Todos conhecem pessoas que reclamam de barriga cheia. Este é um exemplo típico: a pessoa tem muitas coisas, mas para o que ela olha? Para a falta. O que ela sente? Ansiedade: “posso perder”. Esta é interpretação dela sobre o que ela possui, ao invés de pensar, por exemplo: “bem, agora que já me estabeleci bem aqui, qual será o meu próximo passo?” A saciedade é uma emoção positiva poderosa, pois nos acalma e nos faz relaxar. Somos mais criativos e quando estamos neste estado, não raro, muitas das ideias mais interessantes do mundo vieram quando a pessoa estava dormindo, ou na banheira.

    Os sentimentos positivos, de forma geral, tendem a nos abrir para o mundo. Barbara Fredrickson em seu livro “Positividade” explica a função de várias delas (por sinal, quantas emoções positivas você conhece?). Elas não são importantes porque são prazerosas, esta é uma percepção pequena sobre elas. A importância está no fato de que enquanto nos sentimos bem, nossa mente se abre para o mundo, para agir sobre o mundo. E neste sentido, as emoções positivas são especializadas em nos fazer dar o próximo passo.

    É muito comum ouvir de empresários: se eu relaxar e ficar satisfeito, eu paro. Este é um preconceito, justamente porque a pessoa não sabe guiar a sua vida com positividade. Ela apenas sabe reagir ao medo de perder algo. Obviamente isso faz a pessoa dar passos, mas nunca aproveitar a vista dos passos que deu, pois está sempre olhando e pensando: “posso perder”. Quando as pessoas aprendem a guiar sua vida também com a positividade, o que ocorre é que elas podem ver o medo e ver a parte boa, se proteger de um e desfrutar do outro. A vida fica apenas mais completa, plena e honesta.

    Sim, honesta, pois muitas vezes as pessoas tem medos que são absurdos, no sentido de sua improbabilidade. Também porque elas, muitas vezes, são boas, mas agem como se não fossem, se restringem desnecessariamente, pelo apego ao medo. Ao assumir a positividade a pessoa relaxa, mas isso não é sinônimo do tornar-se negligente. Comparo com a fome: depois de comer, ficamos saciados, mas isso não significa que não sentiremos fome novamente. A “fome” de evoluir sempre se apresenta quando vivemos a positividade, pois é isso que ela busca: expansão.

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