• 18 de maio de 2020

    Competência e competição

    – E se não der certo isso?

    – Não sei, qual o problema?

    – Não vou conseguir dizer que não fui bom o suficiente?

    – Como assim?

    – Se eu falhar! Eu perdi!

    – Perdeu? Contra quem está disputando?

    – Contra eu mesmo?

    – Que pena não? Poderia colaborar com você mesmo.

     

    Quando falamos em “ser melhor”, qual a nossa referência: interna ou externa? Competir e buscar a excelência são duas atitudes distintas porém muito próximas, fáceis de serem confundidas. É importante compreender as diferenças para saber o que realmente estamos fazendo com nossas vidas.

    Existe uma diferença grande entre dizer: “eu sou bom em algo” e dizer: “eu sou melhor que você”. Na primeira se trata de uma percepção de competência. Isso nada tem a ver com outras pessoas, a referência está na qualidade de um resultado. Já no segundo caso a referência está em uma comparação em relação aos resultados de uma outra pessoa. Assim sendo, “ser melhor que você” não necessariamente assegura “ser bom em algo”, eu posso simplesmente ser melhor que alguém que não sabe muita coisa, mas que eu sei um pouco mais.

    Competimos quando estabelecemos uma relação com a segunda frase. Ou seja, quando dizemos “melhor que” existe um elemento comparativo e para termos uma competição precisamos disso. É importante realizar este tipo de conduta muitas vezes em nossas vidas. Quando competimos – de fato – por exemplo, ou quando precisamos nos motivar de alguma maneira e estabelecer quem está melhor no mercado é uma forma de fazer isso.

    Porém quando a competição nos leva ao ponto de condenar a nossa pessoa algo está errado. Este é um problema comum que envolve o uso da linguagem. “Eu sou melhor que”, é um ato da pessoa e não da competência dela que está sendo avaliado. Assim sendo, quando competimos também é importante saber nos colocar de forma adequada, ou seja, avaliando aquilo que realmente precisa ser avaliado: a competência.

    Daí em diante é importante dizer que muitas vezes não precisamos competir, nem com nós mesmos. Ser bom em algo e desejar melhorar não precisa ter a ver com uma competição interna, mas apenas com o intuito de atingir outros resultados mais interessantes. Desta forma, a pessoa pode desejar algo a mais sem entrar em competição consigo e se desvalorizar caso não consiga algo. Compreender essas diferenças é importante na vida profissional e pessoal: é a maneira de estabelecer metas sem transformar elas em tiranas interiores.

    O que podemos chamar de competição saudável se estabelece dessa maneira, quando existe o ato de competir, buscando uma posição melhor, mas sem entrar em conflito consigo ou com os outros. Nesse sentido é possível um jogo onde muitos ganham. Porém quando temos uma competição na qual uma das pessoas ganha e a outra perde, temos um jogo no qual várias pessoas vão ser deixadas para trás, ou pior ainda, um jogo no qual mesmo que você ganhe, será capaz de se desvalorizar e se deixar para trás.

     

    Comentários
    Compartilhe: