– Mas eu estou com muito medo Akim.
– Eu sei. Aceite isso.
– Como assim?
– Pare de tentar ficar sem medo. Aceite que você está com medo. Não tente tirar ele de você.
– Ok…
O que fazer quando estamos com medo? Não existe uma fórmula secreta para fazer com que o medo vá embora para todo o sempre. Então, pare de procurar por isso. O medo existe e todos nós sentimos isso. Aceitar isso é um primeiro passo muito importante para lidar com o medo ao invés de tentar (sem sucesso) livrar-se do medo.
Porém, é óbvio que, ao ler as palavras acima, a pessoa irá questionar: “ah, mas para você é fácil! Mas meu medo me faz parar de viver! E então, o que eu faço com isso?” ou algo como “mas meu medo me paralisa”. Estas são perguntas dignas e muito humanas. Para dar uma resposta à elas é importante fazer uma pequena distinção entre emoção e comportamento. E para fazer isso é muio importante voltar no que eu disse acima e aceitar que o medo está aí.
Aceitar a emoção é fundamental para fazer a distinção entre o que sinto e como reajo ao que sinto. Quando as pessoas dizem: “meu medo me paralisa”, elas criam uma equivalência: medo = paralisia. Porém a paralisia é uma das respostas possíveis no medo, outra, por exemplo, é o ataque, fuga ou defesa. Ao associar a resposta à emoção a pessoa se percebe como uma vítima da emoção e não como alguém que pode influenciar sua própria resposta. Esta é a primeira percepção importante sobre o tema: há uma diferença entre o que você sente e a sua ação.
Ao perceber isso, é importante compreender a motivação que sua ação tem. É fácil dizer: “agi assim por causa do medo”. Porém isso não é de todo verdadeiro, pois se o medo, por si só, fizesse isso, todas as pessoas que sentem medo deveriam agir sempre da mesma forma. E isso não é verdade. Então, se faz importante compreender o que motiva o seu comportamento quando está com medo: você quer se afastar logo daquilo que te causa medo? Se faz pequeno para ver se aquilo tudo passa logo? Deseja atacar e destruir o que te causa medo? Essa motivação é importante para compreender o que te faz agir.
De posse disso, você pode se questionar se a sua resposta ao medo tem lhe ajudado com ele. Em geral, as pessoas querem se livrar do medo e acreditam que fariam grandes coisas sem ele. Porém o fato é que as pessoas “destemidas” aceitam seus medos. Ela vão com ele e não sem ele. O que as faz “destemidas” é exatamente estarem cientes de seu medo e de que elas detém poder sobre a resposta que darão à ele. Se a resposta que você dá, não lhe ajuda, é hora de comprometer-se com outra.
Olhar para nossos valores, para aquilo que acreditamos ser o certo e saudável para nós e nos agarrarmos à isso ferozmente é algo que nos ajuda muito. As pessoas resilientes e corajosas fazem isso: diante do medo, aceitam-no e olham para seus valores: o que eu creio que é digno fazer? Esta resposta guia seu comportamento. Ele se apegam à ela e a seguem. Não se trata de não sentir medo, mas sim de criar conexões profundas com aquilo que lhe faz sentir-se digno de ser humano. Quanto mais esta conexão for concreta, mais respostas você se permite quando sentir medo e isso é o importante.
Abraço