• 6 de julho de 2020

    Vida e profissão

    – É difícil para mim escolher algo entende?

    – Sim. Você imagina o que te faz ter esta dificuldade?

    – Não sei direito…

    – Me diga: o que você realmente quer para a sua vida?

    – Não sei direito também.

    – Ah, então vamos olhar para isso. Uma vida sem sentido, nunca encontra um trabalho adequado para si.

     

    Atualmente, tendemos a associar o trabalho com o dinheiro que ele nos rende. O ato de trabalhar, no entanto, serve algo muito maior do que isso. A conexão com esta percepção nos faz olhar para o trabalho, a vida e nós em meio à isso tudo de uma forma muito diferente – e sem lentes cor de rosa.

    Não se trata de achar que o trabalho é uma maravilha. Ele não é maravilhoso e nem uma prisão. Ele é uma ferramenta. Trabalhamos para algo. O trabalho, por si só, não tem sentido algum, o sentido é onde ele chega. Obviamente podemos ter uma perspectiva “mindfullness” e aprender a sentir o estado de flow enquanto trabalhamos, nada de errado com isso. A questão que trago é que mesmo este estado está associado ao sentido que o ato de trabalhar tem em nossas vidas.

    De uma maneira muito simples o trabalho está associado com a vida. Pode parecer estranho isso, porque hoje fazemos uma associação inversa. Porém, quando olhamos para algo básico sobre o trabalho, ou seja, a relação entre competência e resultado (aqui pode se colocar o dinheiro, por exemplo), logo vemos que em um nível muito profundo, o trabalho nos fala sobre nossa capacidade em estarmos vivos. Sobre como usamos nossa mente, corpo e emoções para criar coisas neste mundo que nos auxiliem a manter a vida e levá-la adiante.

    É claro que você poderá objetar e dizer que isso se perdeu. Concordo. Porém é exatamente esta a reflexão que se torna importante sobre o trabalho e o dinheiro hoje em dia. Encontrar-se com esta necessidade básica que é a vida. Então fica a pergunta: a maneira pela qual trabalho ajuda a manter e impulsionar minha vida? Ou é algo que faço apenas para pagar as contas? E aqui é importante ver que não se trata de gostar do que se faz, mas sim se a pessoa vê sentido nisso.

    Já encontrei várias pessoas que faziam algo que não queriam. O trabalho para elas, era um trampolim para aquilo que realmente desejavam. A diferença é que elas respeitavam o trabalho que tinham por ele ter este lugar. Ou seja, é um trampolim, mas é um trampolim para aquilo que é importante para mim. Logo é como se fosse tão importante quanto. Esta pequena diferença fazia muita diferença em relação à experiência concreta do trabalho.

    Como disse acima, não é olhar e ver milagres onde eles não existem. Porém, não se trata de criar demônios também. A vida é dura, sempre foi e continuará sendo. É nesta dureza que os seres humanos vivem e se criam. Por isso, talvez, perceber um sentido naquilo que fazemos é algo importante. Não se trata de se enganar, mas sim de perceber se algo em você está sendo refletido naquilo que você faz. Esta conexão é que faz com que o que se faz tenha sentido, mesmo que não se goste daquilo, aprende-se a gostar.

     

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