• 2 de setembro de 2020

    Se você quer mudar, aprenda com o desânimo

    – Ah Akim, mas não é bom eu sentir isso.

    – Porque não?

    – Tá doido? Como que fica, eu sem vontade de fazer nada?

    – Não sei, já experimentou fazer isso?

    – Não, não consigo deixar isso acontecer… esse desânimo me mata!

    – O que pode fazer isso é ficar longe dele.

     

    Talvez uma das emoções mais importantes para o processo de mudança, o desânimo é, também uma das mais incompreendidas. O sentimento de desânimo é, geralmente confundido, com sua percepção física, o que acarreta muitos problemas em sua compreensão, mas saber ouvi-lo pode ser o que lhe faltava para mudar.

    Tomada ao pé da letra, desânimo é a retirada ou falta de ânimo em algo. Investimos nosso ânimo, nossa energia em várias ideias e atividades. Porém, em determinado momento, pode ser que essa atitude não seja mais interessante ou benéfica para nós. Assim sendo, a emoção do desânimo começa a aparecer. A “falta de vontade” em fazer algo, está, na verdade, nos alertando para o fato de que a natureza daquilo que nos animava já não é suficiente.

    Uma das frases mais comuns para a pessoa desanimada é: “não fiz nada”. Porém, quando se fala assim a pergunta é: ao que se está referindo? Ou seja, o que é esse “nada”? O desânimo, como já vimos é o voltar da energia para dentro. Assim sendo, é compreensível que se deseje ficar deitado, apenas pensando na vida, com vontade de menos movimento para o externo. Mas isso é diferente de dizer “sem fazer nada”. O ponto do desânimo é justamente este: voltar-se para dentro, logo não é que você está sem energia para fazer algo, mas sim, com energia para ficar quieto.

    Costumo dizer que sentir desânimo é como arrumar um quarto. Primeiro tiramos tudo o que há e ficamos olhando, pensando onde vamos recolocar nossos pertences. Este é o momento em que muitos reclamam, o momento no qual “não dá vontade de fazer nada”. Porém é apenas neste momento em que se torna possível organizar onde vamos investir nossa energia. Voltando a metáfora do quarto, pensamos onde vamos colocar nossos pertences. Só depois de pensar é que executamos.

    Se você se permite sentir o desânimo, pode se perguntar: desanimado com o que? Aí seguem duas outras perguntas: tenho que abandonar o que faço? Ou tenho que mudar a maneira de lidar com isso? Muitas vezes o desânimo é em relação à atividade, outras em relação à como fazemos ela. Essa diferença nos orienta sobre como usar nossa energia novamente. Se fazemos isso (na metáfora: colocamos os pertences em outros lugares) podemos sentir se isso no agrada, em caso positivo, o desânimo nos oferece uma sensação revigorante.

    A partir dessa sensação podemos no aventurar novamente, ou, nos animar de novo, reanimar. Assim sendo, quem pretende fazer mudanças tem que estar pronto para se permitir sentir o desânimo em relação à algo que tem a ver com a mudança que deseja. Ora, não há como mudar sem mudar nada. O desânimo está aí para isso: deixar muito evidente para você aquilo que não serve mais ou que tem que ser mudado. Aguentar o desejo de “não fazer nada” é, na verdade um dos primeiros passos para mudar.

     

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