• 14 de junho de 2021

    Se importar com o outro é bom ou é ruim?

    – Mas e porque eu não consigo fazer isso?

    – Porque você acha?

    – Porque eu me importo demais com os outros! Eu não deveria ligar.

    – Porque não?

    – Ora, porque não, daí eu poderia fazer o que eu quero.

    – Talvez uma pergunta melhor seja: você acredita que se fizesse isso, ainda seria aceito no grupo, como parte dele?

    – Hum… não sei dizer.

    – Talvez seja isso o que você realmente precisa ao invés de fingir não se importar com quem você se importa.

     

    O ser humano é um ser social por natureza. Por este motivo preocupar-se com os outros é algo instintivo para nós. Porém, saber como se preocupar e porque podem fazer a diferença para a sua saúde mental e bem-estar.

    Sempre que meus clientes me dizem que precisam de reconhecimento dos outros, preciso fazer uma distinção importante. Há uma diferença entre o desejo de ouvir de outras pessoas que somos especiais e saber que somos especiais. Esta última fala sobre nossa auto imagem a maneira pela qual nos percebemos. A primeira tem a ver com nossa posição no grupo.

    Quando a pessoa esta falando sobre “ser” especial, ela está fazendo uma referência sobre como se percebe. Nesse caso, é importante lidar com a auto estima e auto imagem dela. Já quando pretender ouvis dos outros que é importante o tema é o pertencimento e presença no grupo. Conhecer nosso lugar no grupo é uma habilidade que envolve a nossa auto imagem, porém, também leva em consideração o que os outros pensam sobre nós.

    Mesmo com uma auto imagem e auto estima bem formadas, posso entender que não pertenço à um determinado grupo. Na verdade pessoas com boa auto estima fazem essa diferenciação de maneira mais simples do que pessoas que não tem. Compreender seu lugar no grupo tem a ver com a capacidade de perceber as relações com as pessoas. A qualidade e intensidade que essas ligações possuem são o que determina o nosso lugar nesse grupo.

    Além disso, pertencer à um grupo significa observar a mudança das pessoas que o compõe. É muito comum que uma pessoa sinta-se altamente identificada com algumas pessoas durante um tempo e, mais tarde, sinta que não tem mais nada em comum com elas. As pessoas mudam e essas mudanças modificam a forma de se relacionar. Proximidade e distância se tornam os temas centrais. Até que ponto as relações se mantém em detrimento de como as pessoas vivem é a grande pergunta.

    Nesse sentido, é importante se preocupar com o outro. Não como definidor de quem sou, o que é uma questão de auto estima, mas sim como parte dos grupos aos quais se pertence. Ocupar-se do outro, neste caso, significa ocupar-se de sua relação com ele. Até que ponto você se entrega? Quão íntimo você se permite ser? É comum que a dificuldade em se entregar seja proporcional à dificuldade em reconhecer seu lugar no grupo. Intimidade só se cria com entrega.

     

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