– Akim eu não sei se eu quero isso.
– Não sabe se quer ou teme querer?
– O segundo.
– Entendo.
– O que eu faço?
– Assuma seu medo em querer o que quer.
– Não é meio bobo isso?
– Não. Bobo é negar o que você sente em relação à isso. Toda mudança nos coloca frente ao desconhecido, é natural temer.
– Entendo.
O medo nos guia para a mudança se sabemos como ouvi-lo. Porém, nem sempre é fácil ouvir esta emoção que mexe tanto com nós.
O medo é um tipo de problema. Sentimos o medo e podemos tentar negar esta emoção, olhamos para os lados e dizemos: “vai ficar tudo bem”. Nos afastamos daquilo que nos causa medo, evitamos a situação e tentamos nos convencer de que não é necessário ou bom enfrentar isso. Por fim, também podemos simplesmente dizer “não quero sentir medo, é ruim”. E evitar, culpando o mundo e as pessoas pelo medo que sentimos. Este tipo de reação, não ajuda.
É verdade, ele é duro e cruel. O medo não é uma emoção “fácil”, mas qual delas é quando não sabemos lidar com ela? Assim o medo se torna um problema, o tipo de coisa que queremos evitar. Porém, como já falei em no post “O grande problema”, a maneira pela qual lidamos com os problemas é fundamental para saber se eles vão nos ajudar ou não.
O medo, quando encarado como algo prejudicial não ajuda. Queremos sair de perto dele, mas o problema é que ele está dentro de nós. Então tentamos negá-lo, mas é muito difícil negar o medo. O que nos resta então? Aceitar. O passo número um com as emoções é aceitá-las. O medo que nos muda é aquele que permitimos agir em nós. Esta emoção busca nos proteger, alertar para um perigo potencial, não ouvi-la é colocar-se em risco desnecessário.
No medo existe ao mesmo tempo algo que nos afeta, paralisa e algo que pode nos ajudar a evoluir. São estes dois elementos contidos na mesma emoção. Ouvir e enfrentar o medo significa, assim, evoluir. É justamente naquilo que queremos evitar que encontra-se a chave de nossa mudança, compreensão ou conquista. É interessante que, quando as pessoas enfrentam seus medos, elas sentem paz.
Paz e medo ao mesmo tempo. Isso pode soar estranho, mas é o que ocorre. O medo continua, mas quando é aceito ficamos em paz com esta sensação e então podemos usar o que o medo tem a nosso favor. Aprender a olhar aquilo que tememos e buscar formas de nos proteger. Não ouvir o medo é cair em desespero, pois tentamos lutar contra a sensação. É uma linha tênue no que diz respeito à posição interna, mas muito clara quando cruzamos a linha.
Assim, o medo que muda é o medo que permitimos existir. O medo que sentimos e a reação que damos à este medo ouvido. O medo que nos paralisa é aquele que não queremos ouvir ou aceitar. Este, precisamos negar, depreciar ou usar de prepotência para fingir – para nós mesmos – que ele não é nada.
Abraço