– Eu não consigo relaxar Akim
– Claro que não.
– Mas porque? Eu ganhei, agora não tenho que me preocupar mais!
– Tem sim
– Com o que?
– Com “a próxima”
– É verdade…
– É? Você tem que ficar se preocupando a ponto de não relaxar?
– Como assim, estou ficando confuso cara!
– Ora, você precisa se preocupar como se não soubesse o que fazer e o próximo jogo fosse uma coisa completamente abstrata na sua mente?
– Não, não é bem assim…
– Então… que tal pensar em como vai vencer o próximo jogo?
– Nunca penso nisso.
– Claro que não, você se preocupa em não perder!
Pode parecer estranho, mas muitas pessoas não sabem vencer. E não estou falando sobre o “mau vencedor”, estou falando de pessoas que tem dificuldade, por exemplo, em se imaginar vencendo na vida. Porque isso acontece?
Muitas pessoas relatam o medo de perder. É interessante notar que “medo de perder” não significa vontade de vencer. Assim sendo, é comum focar-se demasiadamente na possibilidade da derrota e nunca concentrar-se em ganhar. O erro é crer que focar-se em “não perder” é o mesmo que focar-se em ganhar. Embora muitas pessoas possam vencer na busca de se afastar da derrota, o efeito gerado emocionalmente não é o mesmo.
Pessoas que buscam por algo, tem a sensação de conquista e preenchimento. Quando, no entanto, o desejo é afastar-se de algo, a sensação é de alívio e tranquilidade. Embora possa parecer algo pequeno e tolo, esta diferença traz muitos resultados na mente da pessoa. A sensação de conquista é alicerçadora do caráter, fortalece a pessoa e sua auto estima. A sensação de alívio não, ela é apenas uma tranquilizadora momentânea que afasta, naquele momento, a pessoa de uma sensação desprazerosa.
Assim sendo, a questão é: o que ocorre depois de uma vitória? A pessoa que se foca em conquistas, consegue mais uma vitória para o seu rol. Tende a alicerçar sua auto estima e caráter e fortalecer sua auto imagem. Ela sente-se conquistadora, merecedora de algo que conseguiu mediante esforço. Já quando a pessoa foca em afastar-se da derrota, o próximo evento é igual ao anterior. Em outras palavras a pergunta que a pessoa motivada por afastamento se faz é: será que vou conseguir escapar dessa agora? Quando conseguem, a experiência alimenta uma auto imagem negativa de “sobrevivente” (ufa, consegui escapar de mais uma encrenca) e não uma positiva “conquistador” (aprendi o que devo fazer e me sinto mais apto para o próximo desafio).
As pessoas que tem dificuldades em trabalhar com motivação de aproximação, em geral, tem dificuldades em vencer. Um exemplo típico é a pessoa que tem medo de conflitos. Na verdade, quando ela pensa em entrar numa discussão, imediatamente pensa que vai perder a discussão. Tende a criar vários cenários e, em todos, ela acaba saindo perdedora. Esta falta de perspectiva de “é possível vencer”, faz com que ela sequer cogite a possibilidade das coisas darem certo.
Assim sendo é importante aprender a vencer no sentido de aceitar esta possibilidade e buscá-la de forma ativa. Não se trata de ser “errado” pensar da outra maneira, afinal de contas, ela é muito útil. A questão é saber usar a atitude positiva se permitindo crer um possível vencedor. Foco no acerto, busca por um desempenho e compreensão maiores e melhores fazem parte do repertório de quem busca a vitória ativamente. Enquanto que a estagnação tende a ser um comportamento de quem evita a derrota.
Agora o leitor pode perguntar: vencer o que? Minha resposta é: qualquer coisa. A vida nos traz inúmeros desafios e criamos outros por conta própria. Assim sendo “vencer” é importante como uma atitude de vida. Nada tem a ver com vencer a qualquer custo e sim com aprender a usufruir do esforço em fazer algo afim de enriquecer sua vida interior com as experiências pelas quais passamos.