• 30 de setembro de 2013

    A crença na mudança

    – Eu sei disso tudo Akim, mas não sei o que acontece… não vai sabe? Não consigo ir atrás de verdade do que eu quero.

    – Hum… me conte uma coisa: você realmente acredita que é possível mudar isso?

    – Acho que sim… não sei.

    – Pense nas situações que você vive hoje, do jeito que estão, sem mudar.

    – Ok, pensei.

    – Agora imagine a situação ideal, que você deseja, que você quer.

    – Pensei já.

    – Ótimo, agora quero que você compare as duas imagens que fez em sua mente e me diga se elas causam em você a sensação de realidade, de serem reais.

    – Não… só a primeira.

    – As imagens, não no conteúdo, mas na forma que você imaginou são iguais?

    – Não, bem diferentes.

    Sempre dizemos que acreditar na mudança é algo importante num processo terapêutico.

    Porque?

    Crer é dar crédito à algo ou à uma ideia. Quando a pessoa inicia o processo de terapia ela não tem nada mais do que isso: uma ideia – e muitas vezes nem mesmo isso – de onde quer chegar. Muitas vezes a pessoa não tem as competências necessárias, a percepção adequada, as crenças adequadas, portanto crer que é possível se torna algo fundamental para ela. Virginia Satir, uma proeminente terapeuta de família americana usava um jeito muito especial de dizer isso para algumas famílias ou pessoas que não tinham confiança em si “emprestando a sua confiança” para elas durante um tempo, até que elas tivessem confiança nelas mesmas e pudessem devolver a confiança que Virginia depositava nelas.

    A crença, no entanto, não é apenas um “ah tá vamos ver o que dá”, é uma atitude de abertura na qual a pessoa voluntariamente se disponibiliza a acreditar que a mudança é possível, acreditar que o que ela viveu até hoje é uma parte do processo de sua vida e que pode ser enriquecido e acreditar que ela pode construir as virtudes, comportamentos e emoções necessárias para superar suas dificuldades e mudar  sua vida. Acreditar envolve, portanto, a ideia, o compromisso e a atitude de realmente realizar algo.

    É importante que aprendamos a questionar nossas crenças antigas de uma forma adequada, justamente para abrir caminho para as novas crenças. Toda e qualquer crença é uma ideia que não possui uma justificativa lógica bem alicerçada, isso porque nossas crenças se baseiam na nossa experiência que é sempre limitada – nenhum ser humano consegue absorver toda a estrutura do universo para construir o que poderíamos chamar de “verdade”, portanto nossas crenças são, na melhor das hipóteses, nossas crenças – é um modelo do universo que usamos para podermos viver nele, o modelo, no entanto, não constitui a realidade de fato e, muitas vezes, pode ser um modelo pobre para o que queremos para nós.

    Um segundo momento é criarmos uma ideia mais adequada do que desejamos, imaginar cada detalhe que necessitamos afim de buscar uma compreensão maior e mais rica do universo. Buscar exemplos na vida de pessoas que viveram de forma diferente de nós, na nossa própria experiência buscar aqueles momentos em que a nossa experiência contradiz as nossas crenças e questionar as nossas generalizações – “todos” os homens não prestam, isso “sempre” acontece comigo – são os meios que nos fazem ao mesmo tempo abrir nossa mente e poder ter espaço para criar novas formas de perceber o mundo.

    Acreditar que é possível mudar envolve toda esta disposição e nem sempre é fácil, muitas vezes nos despedirmos de uma crença que nos limita envolve encarar o medo da mudança, dar limites à pessoas queridas, ter que se responsabilizar pela própria vida e isso, muitas vezes, impede as pessoas de darem este passo fundamental.

    No entanto, dar este passo e se permitir é muito divertido também, uma vez que o medo do primeiro encontro com a nova realidade passa o que se segue é que as pessoas começam a se divertir com as novas competências, é quase como andar de bicicleta, depois que a pessoa aprende não quer mais parar. É uma experiência e tanto!

    Abraço

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