– Aí que me dei conta que eu estava pedindo desculpas por estar sentindo o que estava sentindo!
– Que loucura não é mesmo?
– Se é! Na verdade fiquei pensando depois: pra que eu fiz isso?
– Pra que? O que estava esperando?
– O pior de tudo é perceber assim: eu sei que não estou errado de sentir aquilo, porém como ela acha que está eu me acho errado.
– Hum… e aí?
– Pois é… e aí… é uma boa pergunta.
– O que isto quer dizer sobre a forma pela qual você lida com suas emoções?
– Que eu fico precisando da aprovação dos outros pelo que eu sinto?
– O que você acha?
– É, parece que é bem isso mesmo…
Dependência emocional é um tema muito forte e complexo.
Basicamente uma pessoa depende de outra ou de alguma coisa quando não consegue, por seu próprio esforço, manter algo que deseja.
Portanto, dependência emocional tem a ver com a pessoa que não consegue sustentar sozinha aquilo que sente, como o exemplo acima mostra.
O que fazer?
O primeiro passo – como sempre – é a percepção e aceitação do problema. Depois que a pessoa percebe o que está fazendo com as emoções dela é o momento de perguntar o que faz com que ela mantenha a dependência. Pode ser necessidade de afirmação, medo de ficar só, arrependimento por decisões passadas e várias outras causas que levam ao mesmo comportamento: de colocar a percepção do outro na frente da própria pessoa.
Em outras palavras a pessoa precisa compreender do que ela é dependente e como faz para esta dependência se manter. Um exemplo ilustrativo e simples é o do dinheiro: a pessoa é dependente do dinheiro e não tem comportamentos que a levam à ganhar o seu dinheiro, portanto, mantém-se dependente. Quando começa a trabalhar ela passa a ganhar o seu dinheiro e sai da condição de dependente.
Emocionalmente falando o processo é o mesmo: como a pessoa faz para manter a sua dependência, o que deve fazer para sair da mesma? Muitas vezes um sistema de crenças pode estar jogando contra a independência da pessoa: “é egoísmo se deter só às suas emoções”, por exemplo é uma forma de pensar que mantém muitas pessoas afastadas do que sentem buscando sempre uma aprovação para expressar seus sentimentos. A qual dificilmente vem.
Uma auto estima baixa também pode ser a fonte de uma dependência emocional. Se a pessoa não tem um apreço suficientemente alto por ela mesma ter este apreço de outro pode ser fundamental para o equilíbrio psíquico dela e então ela coloca o que sente de lado para buscar sentir tal como se espera que ela sinta.
A pessoa também pode não saber como dar conta do que sente e guiar-se com base no seu raciocínio próprio. Ao invés de dizer algo que sente que é importante a pessoa mantém a boca fechada para “não incomodar” ou porque “sente preguiça” de fazer algo diferente. Também temos uma situação na qual a pessoa simplesmente não sabe o que fazer: “como dizer isso para ele(a)?”, ou então pode ser que nunca se defrontou com a situação e não sente-se seguro de suas emoções frente ao que está vivendo como no clássico exemplo de um pai que sentia-se culpado de sentir ciúmes do filho.
Ser emocionalmente independente não significa “não precisar de ninguém”, mas sim de não precisar que os outros endossem aquilo que sentimos e nem que endossem o que resolvemos fazer com o que sentimos. Não precisar de endosse é diferente de pedir opinião, por exemplo, ou de levar em consideração algo que seja importante de ser considerado sobre os outros. Se a pessoa consegue tomar a sua decisão sozinha e agir assumindo responsabilidade pelo seu comportamento e pela sua interpretação da realidade não existe mal em pedir ajuda ou opiniões, o problema é quando a pessoa busca uma resolução do outro para adotar como sua.
Por isso as atitudes de pensar por si, ser responsável com as conseqüências de seus atos, buscar soluções de forma responsável e criativa, ouvir suas emoções são comportamentos que levam a pessoa à independência emocional enquanto que calar-se pelo medo, esquecer dos seus princípios, assumir pontos de vista de terceiros de forma impensada são atitudes que afastam a pessoa desta independência a qual uma vez conquistada não é conquistada para sempre, mas sim um exercício diário.
Abraço
Viste nosso site: www.akimpsicologo.com.br