– Eu vivo ganhando e perdendo peso sabe?
– Sim, sei como é.
– E aí começa a cansar a gente, não aguento mais fazer dieta.
– Dieta é estressante não é mesmo?
– Demais, queria não precisar mais ficar nessa, mas é tão difícil!
– Como você pensa no seu peso?
– No momento, por exemplo, tenho que perder 8 quilos.
– Entendi, e quando você perde os quilos, como pensa no seu peso?
– É uma conquista! Me sinto vitoriosa!
– E depois de um tempo você “relaxa” na dieta e começa a aumentar o seu peso não é mesmo?
– É… é algo assim sim.
– Faça uma experiência: imagine uma linha que seria a sua “linha da vida” do seu passado até o futuro.
– Ok.
– Agora quero que você faça uma imagem sua com um peso ideal e real para você.
– Tá bom, fiz.
– Ótimo, agora quero que você imagine como é a sua rotina tendo este peso, ou seja, todos os comportamentos que envolvem estar com este peso.
– Certo, imaginei… uma rotina bem diferente.
– Perfeito, agora o que eu quero que você faça é imaginar esta rotina todos os dias ao longo da sua “linha do tempo”.
– Ok.
– Como foi?
– Nossa… estou me sentindo diferente com relação ao meu peso… na verdade, nem é em relação à ele, mas em relação à mim.
– O que mudou?
– O que eu tenho que fazer para ter o que quero… minha responsabilidade frente ao peso mudou.
Muitas pessoas querem mudar. Mudar, muitas vezes não é difícil, é fácil, significa ter um comportamento diferente, agir diferente em uma dada situação. Porém, isso nem sempre assegura que a pessoa tem um novo posicionamento interior, uma nova atitude.
Quando se deseja uma mudança é importante saber qual o impacto real que ela terá em sua vida. O tema “peso” é muito bom para explorar este aspecto. As pessoas que mudam seu peso, de fato, são aquelas que modificam hábitos alimentares, de exercício e emocionais que as permitem fazer escolhas saudáveis e o fazem durante a vida toda. Não se trata de uma dieta para perder peso, mas sim de um nova forma de encarar a forma pela qual a pessoa ingere gasta sua energia além das proteínas e vitaminas. Portanto a mudança é para a vida toda.
Encarar as mudanças desta forma é fazer uma diferenciação entre uma mudança de primeira e de segunda ordem. Ambas são válidas dependendo do contexto e não tem uma “melhor” ou “mais profunda” que a outra, elas são diferentes e envolvem esforços diferentes da pessoa.
Uma mudança de primeira ordem, por exemplo, é fazer dieta. Ela resolve o problema naquele momento e envolve a ideia de seguir determinadas ideias e comportamentos, nada mais. Em geral as pessoas conseguem bons resultados para este tipo de mudança e para determinadas situações ela é muito útil. Por exemplo: um lutador que precisa perder peso para se encaixar numa determinada categoria de um campeonato não precisa mudar a sua rotina alimentar a vida toda, a dieta, para ele nesta situação é adequada.
Uma mudança de segunda ordem envolve a mudança comportamental assim como uma mudança na percepção da pessoa em relação à ela e à situação. É o que chamamos de mudança estrutural. Este tipo de mudança é mais adequada quando a pessoa precisa de um comportamento à longo prazo o qual dificilmente se sustenta quando a mudança é de primeira ordem. Por exemplo, a dieta é boa para o lutador, mas para uma pessoa como no caso citado acima não irá ajudar, o que ela realmente precisa é de uma mudança na forma de se perceber e na forma de perceber o seu peso que a ajude a se encaixar de uma maneira “natural” dentro dos comportamentos e crenças novas que ela necessita.
Pense: a mudança que você quer é algo para curto prazo ou para a vida toda? É algo teria um resultado mais forte como um novo comportamento ou como uma nova atitude frente à vida e à situação?
Estas duas primeiras perguntas ajudam a delinear se a mudança que você precisa é de primeira ou segunda ordem. Mudar à longo prazo com mudanças de atitudes em geral é mais útil com a mudança estrutural, as outras podem ter excelentes resultados com mudanças de primeira ordem.
E ai, qual a sua?
Abraço
Visite nosso site: www.akimpsicologo.com.br
- Tags:Akim Rohula Neto, Aprendizagem, Controle, Desejo, Escolhas, foco, futuro, Mudança, Psicoterapia