• 20 de abril de 2012

    Esquecer um grande amor

    – Eu quero esquecer tudo isso que aconteceu você entende?

    – Claro… nesses momentos, quem é que não quer?

    – Dói demais isso Akim.

    – Eu sei, eu sei…

    (silêncio)

    – (Akim fala) Por outro lado… o que você quer é esquecer ou dissipar a dor?

    – Ah… sei lá… acho que os dois?

    – Qual o mais importante?

    – A dor.

    – Ótimo. Para aprender a dissipar a dor, tens que aprender o que está doendo. Além da parte óbvia do término de uma história, do luto que você deve estar começando a fazer agora, o que mais dói nessa história?

    – (reflexão)Eu… não consigo entender. Dei tudo para ela, me sacrifiquei. Porque ela me deixou? Como ela fez isso?

    – Hum… complicado isso não é? Esse tal de ser humano tem esse hábito estranho de ir buscar a sua felicidade nos lugares mais impensados e deixar a gente para trás…

    – Como assim? Você quer dizer que ela… mas e tudo isso que eu fiz? Não conta?

    – Claro que sim e imagino que ela é grata à você por isso.

    – Sim, ela me disse isso.

    – Perfeito, no entanto, você fez porque desejou fazer… ou, de alguma forma você sente que tudo isso que você fez foi uma forma, além de expressar o seu amor, garantir que ela o amasse também?

    – É… tem razão, os dois.

    – Perfeito… Não dá para “garantir” amor. Teu “investimento” nesse sentido faliu.

    – Pior é que é… bem isso.

    – Para você dissolver a dor, vai ter que aprender com ela. É uma oportunidade excelente essa para você aprender novos comportamentos no mundo dos relacionamentos. Aprender a viver o amor ao invés de buscar garanti-lo com sacrifícios pessoais.

    – É… de uma certa forma eu sei que isso fez a relação ir para o buraco e é com isso que estou sofrendo. Tenho que mudar.

    – Concordo.

    Todo término traz dor, isso é praticamente inevitável. Sofrimento, por outro lado não.

    Uma vez vi crianças no parque, duas delas se machucaram na gangorra e as mães foram acudir as crianças. Uma delas simplesmente viu o ferimento, limpou, colocou um Band-Aid e mandou a criança ir brincar. A mãe, então foi com o menino na gangorra e mostrou para ele o que fazer para não se machucar. A outra teve um “ataque”, como se a criança fosse morrer por causa de um arranhão. Foi embora com o menino para casa “cuidar” dele.

    As duas crianças sentiram dor. Uma delas curou a dor com o que precisava ser feito, aprendeu com a situação e foi viver mais sábia. A outra criança não pode aprender e ainda – imagino – deve ter tido uma sobrecarga emocional em cima da dor. É assim que aprendemos a sofrer. Colocamos sobre a dor (que é natural) uma carga emocional (culpa, julgamentos) e nos afastamos da situação (ou não pensamos nela) e, com isso, não aprendemos, o que nos fará – provavelmente – repetir o mesmo erro no futuro (ou temer repetir o que é tão – ou mais – nocivo).

    Quando o término traz sofrimento é porque temos que aprender com ele. O aprendizado é o que nos liberta do sofrimento (não da dor, dor “se cura” chorando a tristeza da perda). Aprender como colocar limites, manter interesses pessoais, ser assertivo ao invés de agressivo, cultivar amor ao invés de comprar amor; esses e vários outros aprendizado são os que mais tenho visto em consultório, talvez seja algo que você precisa aprender também.

    Abraço

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