– Essa semana foi complicada…
– Porque?
– Tudo o que eu estava fazendo sabe? Eu não consegui fazer…
– Tudo?
– É, quer dizer, não é tudo, mas, por exemplo, eu me descuidei nos meus exercícios e na minha alimentação. Daí acabei me irritando com isso e fui muito grosso com minha namorada alguns dias.
– Entendi. Muito bem, o que aconteceu que você teve este “deslize”?
– Bem… não sei ao certo.
– O que aconteceu antes do deslize?
– Bom, no estágio… acho que tem a ver com isso… eu tive um dia muito ruim porque meu chefe invocou que eu tinha feito um negócio que eu não fiz. Como é que vai se provar isso né?
– Sim, e daí, como uma coisa tem a ver com a outra?
– Bom… saí do estágio e fui tomar uma cerveja com o pessoal, daí a cerveja virou pizza e no dia seguinte não fui na academia porque fui dormir tarde.
– E depois?
– Bom… quem errou uma vez, erra outra né?
– Entendi, fez o repeteco?
– Sim.
– É, pois, é… quem sabe você encontra formas melhores para lidar com a frustração, raiva do que agir contra você mesmo?
– Pois é Akim… fiquei pensando nisso…
– Vamos, então, pensar em soluções para lidar com este tipo de situação, caso ela ocorra novamente.
– Ok.
Não é a toa que chamamos a terapia de processo, ela não é uma linha reta e ininterrupta entre o estado atual da pessoa e o estado desejado dela.
Durante o processo a pessoa aprende, erra, aprende novamente, percebe uma situação na qual é mais difícil ter o mesmo comportamento e com isso precisa aprender mais ainda sobre si. É óbvio que durante este processo ela terá “quedas”, “erros”, “tropeços” ou até mesmo “recaídas” como alguns preferem dizer. E este post se dedica à duas coisas: dizer que é normal ter uma “recaída” e ajudar você a entender o que fazer nestes momentos.
Terapia envolve aprendizado e aprender envolve errar. Daí que é natural errar, tropeçar ou ter recaídas. Além disso é importante mostrar que sempre que essas recaídas ocorrem percebemos que existe uma relação entre um comportamento novo que está sendo moldado e um comportamento antigo já enraizado na pessoa. Esta relação é importante de ser percebida para que a pessoa possa perceber quanto ela está evoluindo de um ponto para outro e perceber que detalhes ela precisa prestar mais atenção ao longo do processo.
Em alguns casos, por exemplo, a pessoa aprende a dar limites. Ela sai-se muito bem no trabalho e com amigos, mas quando vai para o ambiente familiar isso não vai tão bem assim. Torna-se óbvio perceber que ela tem a competência, porém, para o ambiente familiar necessita de mais alguns aprendizados e descobertas pessoais.
Detectar quais são estes detalhes e em que situações eles são necessários é o que devemos fazer ao termos um deslize. Culpabilizar-se não é uma boa estratégia porque estamos falando de um processo de aprendizado, porém detectar onde precisamos melhorar é adequado pois envolve aceitar o erro e lidar com ele firmando ainda mais o compromisso com a mudança e com a integridade da pessoa.
Se você “deslizou”, não se desespere, pare, retome tudo o que fez, o que ocorreu antes e depois e pergunte-se: o que é preciso melhorar? O que tenho que aprender sobre isso? Assim você estará pesquisando a sua própria vida e aprendendo com ela.
Abraço
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