– Ele é assim sabe, egoísta, não escuta a gente direito, é complicado Akim.
– Sim, estou vendo que é mesmo.
– Pois então, esses dias eu queria muito ir ver um filme, daí convidei ele para ir junto comigo e ele disse: “vá, não quero”.
– E que tipo de reação você gostaria de receber?
– Ah, não sei… tipo, algo como: “Legal, vamos lá”.
– E como você respondeu à forma de ele ter dito “vá, não quero”.
– Eu fiquei insistindo.
– Entendi e é isso que você quer fazer na sua relação?
– Como assim?
– Bem, eu entendi o que ele quis, no caso “não quero”, mas não sei, ainda, o que você quer e como quer reagir à como as pessoas lidam contigo.
– Hum… também não sei… fiquei insistindo, mas não me senti muito bem de fazer isso.
– O que será que motivou este “não sentir-se bem”?
– Eu não acho que eu tenha que ficar insistindo sabe? Vez ou outra, até vá lá, mas com ele é sempre, toda vez.
– Perfeito, então, na verdade, quem é que está se ferindo nesta relação?
– Eu mesma né?
O foco que damos aos nossos problemas muitas vezes define se vamos ou não resolvê-los e até mesmo o tamanho que o problema terá.
Um dos focos que gosto de trabalhar com as pessoa em terapia quando estão com problemas em seus relacionamentos é o foco “interior-exterior”. De uma forma simples este foco se refere à quando a pessoa está prestando atenção nela ou quando a pessoa está prestando atenção aos outros. O exemplo que eu trouxe acima mostra bem este ponto: enquanto ela estava falando “dele” (exterior) ela estava na posição de reclamadora do que havia lhe acontecido, quando busquei trazer o foco dela para as atitudes dela (interior) começamos a ver o problema de um outro foco – as escolhas afetivas que ela faz e como ela busca aquilo que quer para uma relação.
Não é certo ou errado focar no interior e no exterior, ambos são importantes, cada um à sua maneira. Num relacionamento ambos se fazem importantes porque uma relação não é feita só de interior e nem só de exterior, mas da relação entre ambos. O exterior é importante quando precisamos coletar ou verificar certas informações que são “de fora” de nós. Já o interior é fundamental quando precisamos tomar nossas decisões, identificar nossos critérios de bom ou ruim e quando nos emocionamos.
Muitas vezes a pessoa precisa refletir sobre o que sente, o que espera de uma relação, como está se comportando no relacionamento, para estes momentos é importante usar o foco “interior”, pois somente com base nele a pessoa poderá ter um desenvolvimento de forma saudável. Este é o momento em que ela precisa tomar decisões, assumir posicionamentos, aceitar emoções e conclusões pessoais, buscar mudança de atitude e de comportamento, assim sendo, sem olhar para ela as tarefas não poderão ser concluídas.
Outra vezes a pessoa precisa perceber o conjugue tal como é, aprender a observar o comportamento do outro, ouvi-lo, conhecer a forma do outro de pensar e de amar, contemplar a pessoa com quem está. Neste momento o foco é o exterior e sem ter um bom foco no exterior a pessoa não conseguirá reunir informações importantes para ela, aprender ver e ouvir o outro é um pouco de ciência e um pouco de arte, fazer isso sem projetar expectativas pessoais é uma capacidade fundamental para um bom relacionamento.
Uma dica geral: sempre que você estiver focando demais em um ou noutro, inverta a sua percepção e dê atenção aos possíveis detalhes que podem estar escapando.
Abraço
Visite nosso site: www.akimpsicologo.com.br